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PM confunde cobras e solta espécie asiática no cerrado do DF

Polícia soltou a cobra na natureza achando ser uma jiboia; trata-se, no entanto, de uma píton que pode causar desequilíbrio no local

Brasília|Alan Rios, do R7, em Brasília

Cobra píton, espécie da Ásia
Cobra píton, espécie da Ásia Cobra píton, espécie da Ásia

O Batalhão da Polícia Militar Ambiental do Distrito Federal resgatou uma cobra e realizou a soltura do animal, mas confundiu espécies e acabou deixando no cerrado um animal de origem asiática. A própria corporação divulgou a ação, que ocorreu no Gama (DF), informando se tratar de uma jiboia. Especialistas, no entanto, alertam que a cobra era uma píton e que o animal pode causar grandes estragos para a fauna local.

O caso aconteceu nesta semana, na noite da última quarta-feira (6). O animal estava em uma pista quando foi resgatado pela equipe e solto em uma área de mata próximo ao local. Na ocorrência, a PM divulgou se tratar de uma jiboia de mais de dois metros.

Claudio Machado, biólogo do Instituto Vital Brazil e doutor em Medicina Tropical, explicou ao R7 que o vídeo da ação mostra se tratar de uma píton. "Ela é da especie Python bivittatus. O colorido é bem diferente. Ela pertence a uma família que nem ocorre nas Américas, a família Pythonidae". Segundo ele, essa é a segunda maior píton do mundo e pode alcançar até 6,7 metros.

"Para quem trabalha com serpentes é bem fácil reconhecer e diferenciar de uma jiboia", disse o especialista. Essa espécie geralmente é vista em países como o Nepal e Myamar. A forma como ela chegou à capital do Brasil é um mistério que poderia ser desvendado com uma investigação das autoridades competentes. “Animais exóticos, ou seja, que não são da nossa fauna, se introduzidos podem causar grandes estragos para a fauna local”, afirma o biólogo.

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Os problemas dessa soltura começam pelo fato de que animais que não fazem parte do ecossistema local passam a competir por espaço e alimento. “Isso pode levar, em tese, até a extinção de espécies em uma determinada região. Além disso, esses animais trazem bactérias e microorganismos que não estão presentes na nossa fauna e possivelmente nossos animais não têm proteção contra eles”, alerta.

Outra preocupação é que serpentes grandes normalmente têm poucos predadores. “Por isso o problema delas dominarem a região, como ocorreu nos Estados Unidos, onde foram introduzidas. Hoje são uma praga em muitos estados norteamericanos”, lembra.

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Cláudio é especialista em serpentes e alimenta um canal de divulgação científica para orientação da população no YouTube, chamado Papo de Cobra. Para ele, o ideal seria que houvesse uma avaliação de herpetólogos — especialistas em répteis e anfíbios — antes que batalhões ambientais realizassem a soltura de animais, o que poderia ser feito até mesmo por imagens.

O R7 entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda posicionamento sobre o caso.

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