Polícia Federal pede ajuda ao FBI para localizar relógio desaparecido do acervo presidencial
O objeto, da marca Patek Philippe, teria sido desviado em novembro de 2021, quando chegou ao gabinete de Jair Bolsonaro
Brasília|Hellen Leite e Bruna Lima, do R7, em Brasília, e Natália Martins, da Record TV
A Polícia Federal pediu ajuda ao FBI, dos Estados Unidos, para encontrar um relógio da marca Patek Philippe que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria recebido de autoridades do Bahrein. Segundo a corporação, a peça foi desviada diretamente para o acervo pessoal de Bolsonaro. O relógio teria chegado às mãos do ex-presidente em novembro de 2021 e provavelmente não foi registrado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) da Presidência da República — procedimento que é obrigatório.
O relatório da PF afirma que a peça foi vendida em junho de 2022 à loja Precision Watches, especializada em relógios de luxo.
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Segundo a corporação, na consulta aos documentos referentes ao acervo privado do ex-presidente não foi identificado nenhum registro do relógio. "O fato indica a possibilidade de o referido bem nem sequer ter passado pelo então Gabinete Adjunto de Documentação Histórica [hoje DDH] para a realização do tratamento e classificação do bem", diz o relatório.
A PF afirma que o registro é necessário para a definição do destino do bem: se ao acervo público ou ao acervo privado do presidente. A investigação não especificou o valor do relógio, segundo a corporação, porque "até o presente momento, o Estado brasileiro não tinha ciência de sua existência".
A corporação também menciona que há um registro de pagamento realizado a Mauro Cid pela Precision Watches, no valor de R$ 346.983,60. A quantia seria referente à venda do relógio Patek Philippe e de um relógio Rolex.
Segundo a PF, o Rolex foi recuperado em 14 de março deste ano pelo advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro e recomprou o objeto.
A loja Precision Watches aparece em outros trechos da investigação. No site da empresa, há a informação de que ela fica localizada no Willow Grove Park Mall, na Pensilvânia, nos Estados Unidos. No catálogo, há relógios que chegam a R$ 240 mil.
Entenda a operação
A Polícia Federal cumpre nesta sexta-feira (11) quatro mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de peculato e lavagem de dinheiro ligados ao caso das joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro de Estados estrangeiros. Os investigados são suspeitos de ter vendido joias e presentes oficiais ganhos por ele.
De acordo com a PF, teria sido utilizada "a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado, por meio da venda desses itens no exterior".
As quantias obtidas com essas operações "ingressaram no patrimônio pessoal dos investigados por meio de pessoas interpostas e sem usar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores". A Polícia Federal não informou o lucro que os suspeitos teriam obtido com a venda das joias e dos presentes.