Brasília Proposta de nova regra fiscal deve ser enviada ao Congresso na próxima semana

Proposta de nova regra fiscal deve ser enviada ao Congresso na próxima semana

Ministro Alexandre Padilha confirmou a informação durante coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto, em Brasília

  • Brasília | Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Ministro Alexandre Padilha, durante entrevista exclusiva, no Palácio do Planalto

Ministro Alexandre Padilha, durante entrevista exclusiva, no Palácio do Planalto

Record TV/Reprodução - 2.3.2023

Com o Congresso Nacional esvaziado por causa do feriado de Páscoa, as novas regras fiscais propostas pelo Executivo deverão ser enviadas aos parlamentares a partir da próxima semana, segundo fontes com conhecimento da negociação ouvidas pelo R7.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também confirmou a informação durante coletiva de imprensa, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta terça-feira (4). "Acredito que na próxima semana ele [Fernando Haddad, titular da Fazenda] já tem o texto encaminhado para que possa tramitar no Congresso", disse.

Em 30 de março, Haddad anunciou a proposta elaborada pelo governo federal sobre as novas regras fiscais para o país. As metas do governo são zerar o déficit primário em 2024, com superávit de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026. A nova âncora vai substituir o teto de gastos, regra criada em 2017 que atrela o crescimento das despesas da União à inflação do ano anterior.

Na ocasião, o titular da Fazenda havia informado que enviaria o texto nesta semana. Agora, o prazo foi estendido, e o governo deve enviar a partir da próxima. Pela lei, a proposta tem de ser encaminhada ao Congresso Nacional até 15 de abril, antes do envio da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Como mostrou o R7, mesmo antes da chegada ao Congresso do projeto da nova regra fiscal do governo federal, parlamentares já discutem a apresentação de mudanças ao texto por meio de emendas e dão como certa a modificação da proposta. Segundo lideranças, os principais gargalos percebidos são as faltas de previsão de contenção de despesas e dos caminhos para garantir o cumprimento da meta de superávit — ou seja, de saldo positivo nas contas federais.

Entenda a proposta

As novas regras substituem o teto de gastos. A regra, que estava em vigor desde 2017, também estabelecia um limite para as despesas públicas do governo. A diferença entre as duas normas é que o arcabouço fiscal define quanto o Executivo pode gastar a partir do que ele conseguiu arrecadar no intervalo de um ano com impostos, taxas, contribuições e aluguéis, que são as chamadas receitas primárias. Já o teto de gastos limitava novas despesas à inflação acumulada no período de um ano.

De acordo com o novo arcabouço, o governo vai poder ampliar os gastos públicos em até 70% do que for registrado de crescimento da receita. Ou seja, se for constatado que o Executivo aumentou a arrecadação tributária em R$ 200 bilhões em um espaço de 12 meses, o máximo que ele vai poder gastar com novas despesas no ano seguinte são R$ 140 bilhões.

Mas não será sempre que o governo terá o direito de assumir novos gastos nesse patamar de 70%. Segundo as regras do arcabouço fiscal, mesmo diante de uma situação bastante positiva para a economia, o Executivo só poderá ampliar as despesas até um patamar que represente crescimento real, isto é, acima da inflação.

De acordo com o arcabouço, mesmo quando o governo federal não tiver saldo positivo, os gastos públicos deverão subir no mínimo 0,6%. Por outro lado, se a arrecadação exceder as expectativas do Executivo, as despesas poderão crescer até 2,5%. Gastos com saúde e educação, no entanto, não ficarão limitados a esse parâmetro.

Na prática, essa regra vai funcionar como um novo teto de gastos. Ela deve possibilitar que a economia seja estimulada em momentos ruins e, ainda, que o governo não perca o controle das contas públicas frente a cenários mais favoráveis.

Outro ponto importante do arcabouço fiscal diz respeito à meta do resultado primário do país, que é obtido a partir da diferença entre o que foi arrecadado e o que foi gasto pelo governo, excluída a parcela referente aos juros da dívida pública.

De acordo com a proposta do governo, a meta de resultado primário, que hoje é definida em valores reais, passará a ser avaliada segundo uma margem de tolerância. Para cada ano, o Executivo vai propor que o resultado primário alcance determinado percentual do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma dos bens e dos serviços produzidos no país. Para que o governo cumpra a meta, o resultado pode ser 0,25% inferior ou 0,25% superior ao valor definido inicialmente.

As novas regras estabelecem que, se o governo não atingir a margem mínima de tolerância, a criação de novas despesas ficará limitada a 50% do que for registrado de crescimento da receita primária. Por outro lado, em caso de resultado superior ao limite máximo, a arrecadação excedente terá de ser aplicada em investimentos.

As metas de resultado primário do Executivo para os próximos anos são: 0% do PIB em 2024; superávit de 0,5% do PIB em 2025; e superávit de 1% do PIB em 2026. O arcabouço prevê, também, um valor mínimo de R$ 75 bilhões para ser utilizado em investimentos. Esse piso será corrigido todos os anos, pela inflação.

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