A relatora da CPMI do 8 de Janeiro, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou nesta quinta-feira (1º) que vai pedir a quebra de sigilo do relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) supostamente adulterado pelo ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias. "Ainda não tive acesso ao documento, mas vou pedir a reclassificação do sigilo, penso que esse deve ser um documento público", afirmou. Os documentos foram exibidos na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso em uma sessão reservada. Segundo parlamentares que integram o colegiado, há diferenças entre duas versões do mesmo relatório entregues ao órgão — um enviado em 20 de janeiro e outro em 8 de maio. Na versão mais antiga, não constam 11 alertas que Gonçalves Dias recebeu no telefone dele entre 6 e 8 de janeiro sobre riscos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.• Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram Em depoimento à Polícia Federal em 21 de abril, o militar afirmou que não teve conhecimento de que o coordenador de Avaliações de Risco do GSI, coronel Alexandre Santos de Amorim, havia classificado os protestos como de risco "laranja", o segundo maior da escala. Gravações de câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostraram o ex-ministro andando entre os invasores sem demonstrar reação. As imagens também sugerem que servidores do GSI à época teriam facilitado a ação dos vândalos. Em alguns vídeos, agentes aparecem oferecendo água aos extremistas. Com a divulgação dos vídeos, o então ministro pediu pra sair do cargo. Eliziane também disse que a comissão parlamentar de inquérito já recebeu mais de 600 requerimentos, que vão de convites e convocações para depoimentos a pedidos de quebras de sigilo. Ela afirmou que o plano de trabalho que vai ser apresentado na reunião da próxima terça-feira (6) vai levar em conta os pedidos recebido até o momento, "ouvindo a minoria, mas levando em consideração o princípio da maioria". "O que nós teremos nessa primeira etapa? Teremos a aprovação de requerimentos para as oitivas. Naturalmente também alguma coisa para compartilhamento de dados. Nós temos hoje já mais de 600 requerimentos apresentados e vários deles, inclusive, com pedido de quebra de sigilo e outros que estão sendo protocolados", afirmou. A senadora esclareceu que será feita uma primeira rodada de convocações, seguida da aprovação de pedidos de quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático. "De posse desses dados que nós teremos efetivamente o nome dos outros convocados. Nós teremos uma primeira rodada de convocação, que são nomes [sobre os quais] não haverá, acredito, nenhuma grande novidade, porque nós temos vários processos em curso, tanto no STF como na Polícia Federal. Mas depois dessa primeira etapa haverá outros nomes que serão fruto inclusive dessas quebras [de sigilo] e também das oitivas que serão feitas nessa primeira rodada", concluiu. Na semana passada, a relatora evitou dizer se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será convocado a depor no colegiado. Nos bastidores, a base do governo Lula articula um plano para convocar o ex-chefe do Executivo federal, mas isso só deve ocorrer se houver pistas que liguem diretamente Bolsonaro aos atos de vandalismo.