A chegada das chuvas no Distrito Federal acende um alerta para os riscos de picadas de escorpiões. Isso porque com o aumento de água em caixas de energia, esgoto e bueiros, esses aracnídeos são forçados a buscar novos refúgios, se escondendo muitas vezes dentro das residências.Este ano, de janeiro até o começo deste mês, houve 2.182 ocorrências de picadas desses aracnídeos notificadas, dois casos a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. No entanto, segundo a Secretaria de Saúde, o pico de registros é notificado entre outubro e dezembro.O professor de biologia Rodrigo Basílio explica que o período de chuvas também aumenta a disponibilidade de alimento para esses animais.“É nesse período de chuva que aparecem umas de suas fontes de alimento, as baratas, que se acumulam dentro de redes de esgoto o que propicia um ambiente ideal para a reprodução dos escorpiões. Logo, com a comida em abundância e o local ideal para reprodução, o aparecimento em residências domiciliares aumenta”, explicou.O especialista detalha que há três tipos de escorpiões mais comuns em Brasília: o amarelo (Tityus serrulatus), o com patas rajadas (Tityus fasciolatus) e o preto (Bothriurus araguayae). “O amarelo é o mais comum e tem uma particularidade evolutiva bem interessante: não precisam de um macho para se reproduzirem, o que acelera o nível reprodutivo da espécie”, explica o professor da Blue Global School.Devido a essa vantagem reprodutiva, os escorpiões amarelos estão envolvidos na maioria dos acidentes domésticos. Por isso, o biólogo alerta para alguns cuidados.O professor explica que para evitar o surgimento dos escorpiões é necessário manter o quintal limpo e livre de esconderijos possíveis aos aracnídeos. “Vale salientar que eles também podem aparecer em ralos e esgotos domésticos por conta da abundância de comida para eles”, alerta.Sobre as picadas, Basílio diz que apesar de extremamente dolorosas, nem todo mundo tem problemas sérios com as ocorrências.Em 2022 o DF registrou um caso de morte por picada de escorpião depois de uma criança de dois anos ser picada pelo aracnídeo. Ela chegou a ser levada para o hospital e fez uso de soroterapia, mas apresentou complicações sistêmicas e não resistiu.O biólogo explica que o melhor é evitar o contato direto. “A captura não deve ser feita por pessoas que não tenham experiência no manejo de escorpiões. As pessoas geralmente também colocam em recipientes com álcool, o que pode ser perigoso uma vez que os escorpiões usam como defesa se fingirem de mortos”, pontua.Basílio orienta que o ideal é prestar atenção na locomoção do escorpião para certificar que ele não vá se esconder e chamar um serviço especializado no combate a essas pragas. “Matar pode ser uma solução na hora, mas onde tem um pode ter vários”, alerta.Caso seja picado, a recomendação da Secretaria de Saúde do DF é buscar o atendimento médico imediatamente. A pasta orienta que o local seja lavado com água e sabão para remover sujeira (sem nenhum uso de outra substâncias, como borra de café e álcool). “Eleve o membro afetado a fim de evitar que o veneno se espalhe mais rapidamente e procure atendimento médico imediatamente”, observa.A pasta explica que não é necessário levar o escorpião para o atendimento médico, mas é fundamental informar ao profissional de saúde o máximo de características possíveis, como cor e tamanho do escorpião.Para ataque de escorpião, aranha, lagarta e lacraia, os números para contato com a Vigilância Ambiental são o 160 ou pelo e-mail gevapac.dival@gmail.com, no qual pode ser feito agendamento da inspeção. “Após o agendamento, uma equipe é enviada à residência que faz a coleta dos animais existentes, com busca em caixas de esgoto, entulhos e outros locais”, informa.A Secretaria de Saúde explica que a equipe ajuda a identificar as condições ambientais que favorecem a presença de escorpiões. “Escorpiões são animais noturnos que não regulam a própria temperatura. Nos meses mais frios costumam diminuir seu metabolismo, ficando menos ativos. Por isso, os acidentes causados por escorpiões costumam aumentar nos meses mais quentes, o que varia dependendo de cada região”, detalham.No DF, as unidades de saúde referência para tratamento de picadas de escorpião são o Hmib (Hospital Materno Infantil de Brasília) e dez hospitais regionais: Guará, Brazlândia, Paranoá, Ceilândia, Gama, Santa Maria, Planaltina, Sobradinho, Taguatinga e Asa Norte.A capital do país também conta com o CIATox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), que está em operação desde 2004. O centro atua na prevenção e no tratamento de emergências toxicológicas e acidentes com animais peçonhentos. Em 2024, foram realizados 484 atendimentos, sendo 91 deles com escorpiões.Como entrar em contato com o CIATox-DF: