As eleições para as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado estão previstas para o próximo sábado, 1° de fevereiro. Os parlamentares vão eleger uma chapa para comandar cada uma das Casas, o que inclui um presidente e um vice-presidente. Os mandatos terão duração de dois anos.Em ambas as Casas já existem candidaturas consolidadas e favoritas para levarem a vitória no pleito. Os principais nomes conseguiram o apoio tanto da base governista, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), até a oposição, capitaneada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).Na Câmara, o favoritismo gira em torno do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Aos 35 anos, o parlamentar recebeu o apoio do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e de 18 partidos, que podem lhe render 495 votos ao todo. De toda a Casa, apenas duas siglas não aderiram à campanha de Motta: PSOL e Novo, que juntas têm 17 deputados.Nascido em João Pessoa, capital da Paraíba, Motta está em seu quarto mandato como deputado federal. Ele iniciou a vida política em 2005, ao se filiar ao então PMDB, atual MDB. Ele é formado em medicina pela Universidade Católica de Brasília.O paraibano foi eleito para a Câmara pela primeira vez em 2010, aos 21 anos, tornando-se o deputado federal mais jovem do país. Em 2014, ele presidiu a Comissão de Fiscalização e Controle. Um ano depois, comandou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, que investigou supostas irregularidades na construção de refinarias no Brasil.Atualmente líder do Republicanos na Câmara, Motta já foi vice-líder de diferentes blocos partidários na Casa, sendo parte da base dos governos Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Bolsonaro. Após a entrada de Silvio Costa Filho no comando do Ministério dos Portos e Aeroportos, a relação entre Motta e o governo Lula se tornou um pouco mais próxima.Nas eleições de 2022, o deputado foi reeleito com 158.171 votos, sendo o mais votado do estado. O parlamentar é de família com presença forte na política paraibana, sendo neto do ex-prefeito de Patos Nabor Wanderley, que comandou a cidade na década de 1950. O pai do deputado, Nabor Wanderley, é o atual prefeito da cidade.Um dos oponentes de Motta é o deputado do PSOL Pastor Henrique Vieira (RJ). Aos 37 anos, Vieira está em seu primeiro mandato na Câmara e tem o apoio apenas de seu partido. Ele nasceu em Niterói (RJ) e é graduado em ciências sociais pela Universidade Federal Fluminense, em teologia pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro e em história pela Universidade Salgado de Oliveira.Ele se filiou ao PSOL em 2007, sendo eleito vereador de Niterói com 2.878 votos em 2012. Mas não conseguiu se reeleger em 2016. Seis anos depois, foi eleito deputado federal com 53.933 votos. Atualmente, é vice-líder do governo Lula e o líder da bancada do PSOL na Câmara.A família de Vieira não vem da política. Ele é filho de um alfaiate e de uma professora da rede pública da educação infantil. Ele foi aluno universitário do ex-deputado Marcelo Freixo. Vieira é um dos cinco fundadores da Igreja Batista do Caminho, que surgiu em 2009.Quem também vai concorrer ao posto de presidente da Câmara é o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).Ele tem bacharelado em relações internacionais e especialização lato sensu em direito, economia e democracia constitucional, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Além disso, obteve o grau de mestre em ciência política pela Universidade de Leiden (Holanda) e em jornalismo, mídia e globalização pelas Universidades de Aarhus (Dinamarca) e de Amsterdã (Holanda).Ele começou a vida política no Brasil em 2004, aos 18 anos, quando foi eleito vereador de Dois Irmãos (RS). Van Hattem concorreu a deputado estadual e foi diplomado, em 2014, como primeiro suplente do PP, exercendo o mandato de fevereiro de 2015 a março de 2018.Em março de 2018, filiou-se ao Partido Novo e foi eleito deputado federal. Em 2022, foi reeleito.No Senado, o favorito a assumir o comando é o senador Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Alcolumbre já comandou a Casa entre 2019 e 2021 e, enquanto esteve na cadeira, chegou a assumir a presidência da República de maneira interina, em 2019.Ele já tem o apoio dos seguintes partidos: PSD, MDB, PT, PL, PP, PDT, PSB e União Brasil. Juntas, as legendas têm 79 votos. O senador também tem o endosso do atual presidente, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).Natural de Macapá, capital do Amapá, o parlamentar tem 47 anos e está em seu segundo mandato como senador. Ele chegou ao Senado em 2015, com 131 mil votos.Alcolumbre começou na política no PDT, partido pelo qual se elegeu vereador de Macapá em 2000, com 24 anos. Também foi secretário de Obras do município. Em 2002, foi eleito deputado federal, sendo reeleito por duas vezes.Em 2006, se filiou ao Democratas, que tornou-se União Brasil depois. Em 2018, foi candidato ao Governo do Amapá, mas não se elegeu. O amapaense não possui formação superior, tendo iniciado o curso de ciências econômicas no Centro de Ensino Superior do Amapá, mas sem concluir. De origem judaica, Alcolumbre já chegou a atuar como comerciante. Em 2022, Alcolumbre foi reeleito senador, com os votos de 196 mil eleitores.Na disputa pelo comando do Senado, Alcolumbre enfrentará ao menos quatro candidatos: Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Eduardo Girão (Novo-CE), Soraya Thronicke (Podemos-MS) e Marcos do Val (Podemos-ES). As candidaturas não indicam apoio expressivo entre senadores.Aos 51 anos, o senador está em seu primeiro mandato. Ele chegou a concorrer à Presidência da Casa em 2023, mas abdicou minutos antes da votação. Em 2024, concorreu à Prefeitura de Fortaleza, mas não ganhou.O parlamentar também não concluiu o ensino superior, sendo empreendedor durante muitos anos, atuando principalmente nos setores de segurança privada e hotelaria.Em 2004, ele fundou a Associação Estação da Luz, uma entidade sem fins lucrativos que atua na área social e na produção audiovisual. Em 2017, ele assumiu a presidência do Fortaleza Esporte Clube, deixando posteriormente. O cargo como senador foi o primeiro que ele teve na vida política.Ex-ministro da Ciência e Tecnologia do governo Bolsonaro, Pontes tem 61 anos e se lançou como candidato à Presidência do Senado sem o aval do partido, gerando mal-estar no PL. Filho de um auxiliar de serviços gerais e de uma escriturária, o parlamentar se formou na Academia da Força Aérea, tornando-se piloto de caça. Ele está em seu primeiro mandato como senador.Pontes ficou conhecido por ser o primeiro e único astronauta brasileiro a ir para o espaço. Ele é formado como engenheiro aeronáutico no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), com mestrado em otimização de orajetórias orbitais.O parlamentar também é mestre em engenharia de sistemas pela Naval Postgraduate School, da Califórnia, nos EUA. Durante 40 anos de carreira, Pontes foi aviador, piloto de caça e seguiu carreira militar, chegando ao posto de tenente-coronel.Formada em direito pela União da Associação Educacional Sul-Matogrossense, a senadora está em seu primeiro mandato. Ela chegou ao Senado em 2019 pelo antigo PSL, com 373.712 votos.A senadora foi eleita com o apoio de Bolsonaro, mas se distanciou do ex-presidente durante a pandemia da Covid-19. Em 2022, Soraya concorreu à Presidência da República pelo União Brasil, mas perdeu. Em 2023, ela deixou o União e filou-se ao Podemos.Aos 51 anos, atualmente, ela comanda a Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação do Senado, além de ser presidente estadual do Podemos. A senadora começou a atuar na política participando de movimentos democráticos de rua, liderando protestos contra a corrupção e patrocinando ações judiciais contra o que classificava como abusos de poder e ilegalidades.Apesar de o Podemos ter fechado questão com Alcolumbre, a senadora e Do Val mantiveram a candidatura.Com 53 anos, o senador está em seu primeiro mandato. Ele é militar do Exército Brasileiro, tendo atuado no 38º Batalhão de Infantaria. O parlamentar ainda é fundador do CATI (Centro Avançado em Técnicas de Imobilizações).O parlamentar entrou no centro do noticiário após ser investigado por expor e atacar nas redes sociais de delegados da Polícia Federal que investigam Bolsonaro e seus apoiadores. Em 2024, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes chegou a bloquear até R$ 50 milhões das contas bancárias do parlamentar por descumprimento de ordens judiciais.A decisão atingiu todos os subsídios, inclusive as verbas indenizatórias que ele viria a receber para manutenção do mandato. Depois, o magistrado autorizou o desbloqueio de 30% do salário do senador. O percentual equivale a R$ 13,2 mil da remuneração bruta de R$ 44 mil de um senador da República.