O ex-ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga denúncias de assédio e importunação sexual envolvendo seu nome. Ele negou as acusações e centrou sua defesa em críticas ao papel desempenhado pela ONG Me Too Brasil no caso.Durante o depoimento, Almeida afirmou que o Me Too influenciou diretamente a abertura das investigações, sem apresentar, segundo ele, critérios objetivos de apuração. “Se não fosse a organização, talvez o inquérito nem existisse”, declarou. O ex-ministro também disse que a ONG divulgou números inflados de vítimas e não teria cumprido pedidos de detalhamento feitos pela autoridade policial.Almeida rebateu a versão de uma professora universitária que se apresentou como a 15ª vítima, apontando uma errata publicada por um portal de notícias sobre a existência de 14 denúncias anteriores. “Não há 14. Isso foi replicado por diversos veículos. Hoje, o que se vê nas redes é: ‘e as outras 14?’”, disse. O ex-ministro afirmou ainda que a professora teria levado duas mulheres ao depoimento, mas que ambas teriam o mesmo advogado, o que, segundo ele, levantaria dúvidas sobre a espontaneidade dos relatos.O ex-ministro também questionou a imparcialidade da ONG, citando mensagens trocadas com a presidência da entidade meses antes da divulgação das denúncias. Segundo ele, houve tentativa de agendamento de reuniões com o ministério, o que indicaria possível conflito de interesses.Em outro trecho do depoimento, Silvio Almeida relatou ter sido ofendido por uma servidora da Polícia Federal ao fim de um vídeo de depoimento. “Ela me chamou de ‘filho da...‘. Isso ficou gravado. É inaceitável”, afirmou.Almeida encerrou sua fala dizendo que sua reputação está em risco e que o caso compromete sua trajetória acadêmica e profissional. “Há lugares em que estudantes se perguntam se devem continuar lendo meus livros. Estou sendo julgado por um boato.”O inquérito conduzido pela PF foi prorrogado por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça. Após o avanço das denúncias, Almeida deixou o governo em setembro de 2024.A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, está entre as mulheres que relataram episódios de assédio. Desde então, a pasta dos Direitos Humanos passou a ser comandada por Macaé Evaristo.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp