Sob suspeita de desvios, governador do TO exonera 1º escalão e se mantém no cargo
Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão contra Wanderlei Barbosa
Brasília|Do Estadão Conteúdo
Pressionado pela Operação Fames-19, que investiga o desvio de recursos para a distribuição de cestas básicas na pandemia, o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), fez uma limpa em seu gabinete e dispensou pelo menos sete servidores comissionados investigados pela Polícia Federal. Ele também é alvo da investigação e nega irregularidades.
Quando a operação foi deflagrada, na última quarta-feira (21), Wanderlei Barbosa informou que está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação e que “deseja a apuração célere e imparcial dos fatos”.
O chefe de gabinete do governador, Marcos Martins Camilo, foi exonerado, mas a dispensa, segundo o Diário Oficial do Estado, ocorreu a pedido.
Os assessores Layane de Sousa Silva, Taciano Darcles Santana Souza e Warks Márcio Ribeiro de Souza, lotados na Secretaria Executiva da Governadoria, Lizandra Paz de Oliveira, da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social, e Nelsifran Sousa Lins, da Secretaria da Administração, também foram exonerados.
A lista de dispensas inclui ainda o superintendente de Desporto Escolar, Tiago da Silva Costa, ex-secretário executivo da Secretaria do Trabalho, e o delegado Gilson Sousa Silva, vice-presidente da Agência de Mineração do Tocantins.
A PF (Polícia Federal) afirma ter encontrado indícios de que agentes públicos e empresários usaram o estado de emergência da pandemia para desviar recursos de contratos emergenciais para a compra de cestas básicas que, segundo os investigadores, não foram entregues. Os contratos investigados somam R$ 38 milhões.
Para a PF, o governador tinha “pleno conhecimento” do suposto esquema. A PF apreendeu quase R$ 100 mil em espécie durante as buscas, parte do dinheiro na residência e no gabinete de Wanderlei Barbosa.
Por meio de nota, o governador afirma que recebeu a operação “com surpresa porém com tranquilidade”, já que era vice-Governador na época dos fatos e não ordenava despesas relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia.
“Como todos já sabem, a única alusão ao meu nome em toda essa investigação foi a participação num grupo de consórcio informal de R$ 5.000,00 com outras 11 pessoas, no qual uma delas era investigada”, pontua.
Ressalta, ainda, que deseja a apuração “célere e imparcial” dos fatos e que está “confiante na sua inocência e na Justiça”.
O governo de Tocantins, por sua vez, afirma que colabora com o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e que “é do interesse do Governo do Estado que tais fatos sejam devidamente esclarecidos”.