O ministro Humberto Martins, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), indeferiu um pedido de habeas corpus liminar da defesa do policial militar Ronie Peter Fernandes da Silva. Ele está preso desde novembro, após deflagração da Operação SOS Malibu, acusado de agiotagem e extorsão. Na peça, os advogados do réu argumentam que ele passou por uma cirurgia na perna esquerda em janeiro e, para recuperar o movimento do membro, precisaria de cinco sessões de reabilitação semanais. Por isso o pedido para substituir a prisão preventiva (sem data para acabar) pela domiciliar. Os defensores ainda afirmam que Ronie é PM há 21 anos, é réu primário e tem bons antecedentes criminais. "Durante sua oitiva perante autoridade policial, manifestou interesse em colaborar com as investigações, esclarecendo todos os questionamentos, em especial o que diz respeito às condições financeiras", diz o texto. No entanto, ele responde não apenas por agiotagem, mas também por crimes como ameaça, extorsão e lavagem de dinheiro. Humberto Martins descartou o pedido de liminar, geralmente aplicado a casos urgentes. "A matéria não pode ser apreciada pelo Superior Tribunal de Justiça, pois não foi examinada pelo Tribunal de origem, que ainda não julgou o mérito", escreveu o ministro. Com isso, Ronie segue preso. A defesa recorreu ao STJ depois que, em janeiro, o Tribunal de Justiça do DF também negou outro pedido de liberdade provisória, por ter considerado que a medida não seria cabível. Com isso, o mérito não chegou a ser analisado. Apesar de preso, Ronie Peter segue nos quadros da Polícia Militar, na qual é sargento.Ronie Peters e o irmão, Thiago Fernandes, tiveram a prisão preventiva decretada em novembro do ano passado, no âmbito da Operação SOS Malibu, da Polícia Civil. Os dois ostentavam uma vida de luxo nas redes sociais. Ronie se apresentava como empresário, policial e admirador de viagens e carros. A ação da PCDF teve como objetivo desarticular o grupo criminoso liderado por Ronie. A investigação constatou que a associação criminosa teria movimentado mais de R$ 8 milhões. Os devedores do esquema de agiotagem seriam ameaçados com violência. Em uma das mensagens, o sargento da PM dizia, por exemplo, que arrancaria o olho da vítima a mordidas caso ela não pagasse o que devia. Para fazer o lucro da agiotagem parecer legal, Ronie e Thiago tinham o apoio de uma rede criminosa que atuava na lavagem de dinheiro, segundo as investigações. Entre as estratégias estavam a compra de veículos de luxo, que eram postos em nome de terceiros, e a movimentação financeira a partir de quatro empresas de Águas Claras e Vicente Pires. O R7 ainda não conseguiu contato com a defesa do militar.