O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (31) as opiniões de outros países a respeito do Brasil e afirmou que a COP30 (Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas), que será em Belém (PA) em 2025, vai ser uma oportunidade de mostrar ao mundo que “nós é que sabemos cuidar do Brasil”. O petista cumpre agenda em Mato Grosso do Sul, onde sancionou a política nacional de manejo integrado do fogo, ao lado da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.“O mundo dá muito palpite sobre o Brasil, todo mundo se mete a cuidar do Brasil, quando, na verdade, nós é que sabemos cuidar do Brasil, nossos indígenas é que sabem cuidar deste país, nossos quilombolas que sabem cuidar deste país e nosso povo trabalhador”, declarou.Pela lei sancionada, o uso do fogo será permitido em locais com peculiaridades que justifiquem práticas agropecuárias, pesquisa científica, prevenção e combate a incêndios, agricultura de subsistência de povos indígenas, quilombolas ou tradicionais, e a capacitação de brigadistas.“Essa lei vai ser um marco no combate a incêndios neste país”, elogiou Lula. “Primeiro, porque a gente está reconhecendo o trabalho extraordinário que vocês fazem. Depois, é um projeto feito por vocês na sua grande maioria. Terceiro, porque o Brasil vai sediar a COP30 no ano que vem na cidade de Belém e vai ser a primeira vez que a gente vai trazer o mundo para a gente dizer o que a gente vai fazer com nosso país”, acrescentou.Lula também elogiou o trabalho dos brigadistas no Pantanal, devastado por incêndios. A região registrou mais de 4 mil focos de queimadas em 2024, o maior número desde o início do monitoramento em 1998, há 26 anos. O Mato Grosso do Sul permanece em estado de alerta devido à baixa umidade do ar e à vegetação desidratada pela falta significativa de chuvas nos últimos três meses.“Eu fiquei emocionado hoje em cima de um helicóptero, vendo o fogo pegando e vendo os brigadistas tentando apagar o fogo e vendo o trabalho que está sendo feito entre todos os entes federados. Ver o esforço das pessoas lá embaixo”, declarou. “Muitas vezes, do nosso gabinete em Brasília, a gente não tem dimensão, ‘ah, o brigadista morreu não sei onde, o brigadista fez isso’. A gente não tem noção do que é um brigadista, e eu tive o prazer hoje de ver um brigadista em carne e osso, um cidadão igual a mim, com a missão nobre de apagar o fogo muitas vezes que a natureza trouxe ou que algum inimigo trouxe”, afirmou.No discurso, Lula voltou a elogiar o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pela desistência de concorrer à reeleição. Os dois líderes conversaram por telefone na terça-feira (30) e, segundo o Palácio do Planalto, o petista disse ao democrata que a decisão foi “magnânima”. Lula afirmou que o movimento de Biden deve servir de exemplo aos demais políticos.“Um homem para tomar a atitude que o Biden tomou de desistir de ser candidato a poucos meses da eleição em função de algum problema que só ele sabe o que tem, não sou eu, é preciso ter muito caráter, muita dignidade, ser muito ético e gostar muito do seu povo. Foi o que ele fez. Isso é um modelo de exemplo de todo mundo que governa. A gente tem que fazer as coisas pensando sempre nos outros. A gente não fica esperando agradecimento, que as pessoas reconheçam que fiz isso ou aquilo. O que fazemos é obrigação”, completou.As eleições nos EUA estão marcadas para novembro deste ano. Biden anunciou a desistência da corrida eleitoral há nove dias, por pressão de aliados do Partido Democrata nas semanas anteriores, após um desempenho considerado desastroso em um debate contra o republicano Donald Trump e uma série de gafes.