O peso da alta do dólar, as dúvidas sobre medidas de contenção de gastos e as críticas da oposição fizeram o ministro da Economia, Fernando Haddad, desistir da viagem que faria na próxima semana. Ele iria para a Europa nesta segunda-feira (4) e só voltaria no próximo sábado (9).“A pedido do presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos temas domésticos", informou a assessoria do ministério.Segundo a nota, a agenda do chefe da pasta no continente europeu “será retomada oportunamente", mas sem data definida.Na sexta-feira (1), o dólar fechou em alta de 1,53%, com a cotação de R$ 5,86 – a maior desde 13 de maio de 2020, quando chegou a R$ 5,90 no início da pandemia de Covid-19. As motivações, agora, são as dúvidas quanto aos cortes de gastos do governo Luiz Inácio Lula da Silva e as eleições norte-americanas.Na semana passada, Haddad afirmou que as discussões com Lula a respeito das medidas de contenção de gastos do governo federal estavam avançado. As matérias que tratam dos cortes seriam apresentadas ao presidente e depois enviadas ao Congresso Nacional. Porém, nenhuma data para divulgação das iniciativas havia sido combinada.Isso irritou o mercado e a oposição.“O dólar a quase R$ 6,00 é um sinal claro de que a política econômica está falhando, mas, em vez de enfrentar a crise, Haddad prefere fazer uma viagem internacional. O governo Lula precisa entender que os brasileiros não podem esperar", criticou o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS).Segundo ele, a viagem mostra “total desconexão com a realidade de quem enfrenta inflação e aumento no custo de vida diariamente.”“Essa decisão [da viagem] evidencia um governo sem direcionamento, que negligencia o impacto do câmbio na vida das pessoas. A economia brasileira precisa de um ministro presente, e não de alguém que foge das responsabilidades", discursou Rodrigo Valdares (União-SE).