No começo do ano, o R7 publicou uma matéria criticando o corpo de uma jornalista da Globo chamada Fernanda Gentil, que se banhava numa praia do Rio de Janeiro. O conteúdo gerou muita polêmica, principalmente depois que ela revelou estar grávida. Em meio à repercussão, surgiu uma questão ainda maior: até que ponto um padrão de beleza específico deve ser reforçado pela mídia e imposto sobre mulheres que não trabalham em função do corpo? No universo automotivo, existem carros que sofrem do mesmo problema: são vítimas de uma expectativa que, muitas vezes, não correspondem à realidade. A diferença é que eles mesmo alimentam essa expetativa. É o caso dos conversíveis. Pense bem, é fácil se imaginar num carro assim. Cabelos ao vento, óculos escuros, pista livre, juventude a flor da pele. Pois é, nos filmes acontece assim. Mas na prática as coisas mudam um pouco. E bastou um fim de semana a bordo do Mini John Cooper Works Cabrio para eu perceber isso. O carro em si é um tesão. Potente e bem calibrado (o motor é um 1.6 turbo de 211 cavalos), ele cola na mão do motorista, devora curvas como um glutão e tem um ronco capaz de inspirar até uma dona de casa a caminho do mercado. Isso sem contar o visual retrô que faz a cabeça de hipsters e moderninhos de plantão. Por R$ 162.950, é um dos modelos mais baratos do mercado. Atrás dele estão apenas Peugeot 308 CC (R$ 153.790), Smart Fortwo Cabrio (R$ 76.900) e Fiat 500 Cabrio (R$ 56.900), que não entregam nem de longe o mesmo status, potência e diversão. Então você resolve comprar um Mini Cooper JCW conversível, sai na rua todo pimpão e percebe algo estranho já na primeira esquina. Olhares onipresentes em sua direção. Se a ideia é ostentar, será divertido. Mas para quem prioriza segurança, é uma baita dor de cabeça — afinal, você não está num sedã de luxo blindado. Parar no semáforo? Melhor evitar. Em dias quentes, manter a capota aberta é desafiador. Você pode até pagar de gatinho, se lambuzar de protetor solar, usar óculos escuros e um boné de aba reta. Mas mudará de ideia ao sentir a nuca tostar. Já na chuva, a capota de lona isola bem o interior, mas é bem mais ruidosa que o teto tradicional. Isso sem contar o espaço traseiro e no porta-malas, que geralmente são ridículos, e o elevado consumo de combustível, que faz do conversível um frequentador assíduo dos postos de gasolina. Pelo preço do conversível das fotos, você compra um luxuoso sedã, um espaçoso SUV ou um hatch apimentado. E ainda sobram uns trocados para seguro, IPVA e uma scooter para ir à padaria. Nesse ponto, você pode até questionar: eu já sabia disso tudo, cara pálida. Afinal, quem compra um carro assim não o faz movido pela razão. O problema é quando você segue sua paixão e percebe que, na prática, a expectativa pode não corresponder à realidade. Leia mais notícias de Carros