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Ataque de Blumenau se assemelha ao massacre de Saudades (SC), ocorrido em 2021

Psicóloga argumenta que escolha das armas e vítimas é comparável, mas que é necessário observar outros aspectos

Cidades|Julia Girão, do R7*

Familiares saem emocionados da CEI (Centro Educacional Infantil) Cantinho Bom Pastor
Familiares saem emocionados da CEI (Centro Educacional Infantil) Cantinho Bom Pastor Familiares saem emocionados da CEI (Centro Educacional Infantil) Cantinho Bom Pastor

Menos de duas semanas após o ataque na Escola Thomázia Montoro, na capital paulista, o assassinato das quatro crianças por um homem de 25 anos na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), na quarta-feira (5), representa um novo caso de violência em escola e guarda semelhança especialmente com o massacre ocorrido no município de Saudades, também em Santa Catarina, em 2021.

No dia 4 de maio daquele ano, um adolescente de 18 anos invadiu uma creche e matou três bebês e duas professoras com um facão. Além das semelhanças geográficas entre as cidades catarinenses, os dois responsáveis pelos ataques utilizaram arma branca e escolheram cometer o crime em um lugar onde as vítimas seriam totalmente vulneráveis. Além disso, os assassinos não tinham uma ligação direta com a unidade de ensino, diferentemente de outros massacres em que alunos ou ex-alunos invadem escolas.

Um dos motivos superficiais para essas ações, de acordo com a pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP Cláudia Oshiro, é a facilidade de acessar as armas brancas. Enquanto o suspeito pelo ataque à creche de Blumenau escolheu utilizar uma machadinha, o responsável pelas mortes em Saudades usou uma adaga. Porém, “essas escolhas chamam atenção para o nível de raiva e agressividade do indivíduo, é algo muito gritante”, afirma a especialista.

Além disso, para Oshiro, as crianças são o símbolo do que é mais vulnerável na sociedade e são quase a garantia de que a agressão se concretizará e o ato contra a vida dessas pessoas será bem-sucedido.

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Relação com outros crimes

“O contágio social é algo a ser olhado com atenção. Quando os jovens entram em contato com esse tipo de evento, pode haver maior chance de replicação”, afirma Ana Carolina D’Agostini, mestre em psicologia educacional.

Dentro de grupos nas redes sociais onde pessoas se conectam a partir da motivação para cometer esse tipo de crime, há o encorajamento e o compartilhamento de informações que viabilizam esses crimes.

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“Esses indivíduos se sentem validados e se alimentam desse discurso de ódio, podendo se tornar heróis nesse meio”, diz Ana Carolina, que também é psicóloga do Programa Semente, que incentiva uma aprendizagem socioemocional dentro das escolas.

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“É como se inconscientemente a pessoa queira existir na sociedade e faz um ato extremamente violento como uma reação”, argumenta Cláudia Oshiro. Atos como o de Saudades e o de Blumenau são crimes que funcionam como uma resposta a alguma falta da sociedade e, consequentemente, do Estado, como falta de acesso à saúde e alimentação básica. Segundo ela, acusados de cometerem crimes como esses são produto de alguma negligência e falta de acesso a direitos básicos. 

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Para além de culpar o indivíduo, é necessário fazer uma análise cultural de onde esses criminosos estão inseridos: “É uma cultura que normaliza a violência e que não está preparada para lidar com as diferenças”.

“O que será que está acontecendo nessa sociedade para que o indivíduo chegue a esse nível de comportamento e agressão?”, questiona a pesquisadora do Instituto de Psicologia da USP.

*Estagiária do R7, sob supervisão de Márcio Pinho

Choro, gritaria e desespero: familiares emocionados se reúnem em frente a creche atacada em SC

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