Cidades Cidade de São Paulo estuda adotar tarifa gratuita de ônibus

Cidade de São Paulo estuda adotar tarifa gratuita de ônibus

Eventual mudança é vista como uma forma de desestímulo ao uso do automóvel em meio ao avanço das mudanças climáticas

Agência Estado
Passe livre municipal tem crescido nos últimos anos no Brasil

Passe livre municipal tem crescido nos últimos anos no Brasil

Edu Garcia/R7

A cidade de São Paulo cogita a implantação da tarifa zero no transporte coletivo. Um estudo sobre a viabilidade jurídica, financeira e econômica foi solicitado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que trata a eventual mudança também como uma forma de desestímulo ao uso do automóvel em meio ao avanço das mudanças climáticas.

O passe livre municipal tem crescido nos últimos anos no País e no exterior, chegando ao interior e à Grande São Paulo e até a cidades de médio porte em outros Estados, como Caucaia, a segunda mais populosa do Ceará, mas enfrenta desafios.

"A gente tem visto essa questão da importância de fazer com que o transporte coletivo seja mais utilizado, de utilizar menos o transporte individual. Vejo como de grande importância a cidade de São Paulo ficar entre as grandes cidades do mundo nas ações climáticas", declarou Nunes à imprensa, após uma agenda pública na última semana.

"Se houver a viabilidade do ponto de vista financeiro, econômico e legal, é possível que isso caminhe", completou. Provável candidato à reeleição em 2024, Nunes também chegou a encabeçar reuniões em Brasília por recursos federais para o transporte coletivo em 2021 e tem evitado falar em aumentos na tarifa.

Sem citar exemplos, ele comentou sobre discutir, entre outros pontos, os repasses hoje feitos pelas empresas para o vale-transporte. Em municípios, como Paranaguá, no Paraná, e Porto Alegre, discutiu-se a possibilidade de remodelar esse recurso e utilizá-lo como uma das fontes de financiamento da tarifa zero, porém as propostas enfrentaram resistência.

O estudo de viabilidade será feito pela SPTrans, vinculada ao Município e gestora do transporte por ônibus. Segundo o prefeito a "grande questão" será o custeio, pois a Prefeitura tem valor alto em caixa — R$ 32 bilhões —, mas empenhado ou vinculado a fundos específicos. Além disso, como está em discussão inicial, não entrará no orçamento do ano que vem, atualmente em fase de discussão na Câmara Municipal.

Para 2023, a SPTrans prevê que a maior parte do custo do transporte coletivo municipal seja bancado pela Prefeitura. A estimativa é que o valor arrecadado na tarifa se mantenha em cerca de R$ 5 bilhões, enquanto R$ 7,4 bilhões precisem ser subsidiados pelo Município, embora o valor proposto no orçamento seja metade.

"Haverá necessidade de fazermos as articulações necessárias, no momento oportuno, para suplementar R$ 3,7 bilhões?, questionou o diretor de Administração de Infraestrutura da SPTrans, Anderson Clayton Maia, durante audiência pública na Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara na última quarta-feira (16).

A estimativa ainda não inclui a possibilidade de implantação da tarifa zero. Se a proposta for adotada pela Prefeitura futuramente, deverá ser apresentada no legislativo municipal.

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