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Adaptação e criatividade: a educação especial em tempos de pandemia

Matemática e história são as disciplinas preferidas de Matheus Spíndola Walber, de 15 anos. O adolescente cursa o primeiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Maria Constança, em Campo Grande (MS). “Também gosto de ler livros”, diz o estudante, que é autista. Ele foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em […] O post Adaptação e criatividade: a educação especial em tempos de pandemia apareceu primeiro em Diário Digital.

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Matemática e história são as disciplinas preferidas de Matheus Spíndola Walber, de 15 anos. O adolescente cursa o primeiro ano do ensino médio, na Escola Estadual Maria Constança, em Campo Grande (MS). “Também gosto de ler livros”, diz o estudante, que é autista. Ele foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em grau leve, enquanto seu irmão gêmeo, Tiago Spíndola Walber, 15 anos, possui grau três.

Segundo a mãe dos gêmeos, a jornalista Carolina Spíndola, de 42, a rotina dos meninos passou por mudanças e adaptações, desde março de 2020, quando teve início a pandemia do novo coronavírus.

“Durante a pandemia tive de tirar meus os filhos da escola regular porque não daria conta de ensiná-los em casa. Tiago precisou ficar internado por quatro meses em uma clínica psiquiátrica para fazer tratamento de doenças desenvolvidas em função do isolamento social [causado pela pandemia] ”, explica Carolina Spíndola.

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Conforme Carolina, um dos motivos pelo o qual o filho teve de ser internado foi o afastamento do pai, que ficou seis meses sem vê-los. "Eu como mãe parei tudo há sete anos para me dedicar aos meninos. Foi uma entrega total, sou formada em jornalismo e também professora de inglês parei tudo pelos gêmeos”, acrescenta.

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Matheus também faz aulas de inglês, mas sentiu dificuldades com o começo do isolamento social, porque era acostumado a ter uma professora ao lado dele. “Em em casa é diferente, a atenção teve de ser dividida entre ele e o irmão”, lembra a mãe. Tanto Matheus quanto Tiago contam com professoras que auxiliam nas tarefas escolares.

Mesmo com as alterações do dia a dia, os estudos tiveram que continuar. Os estudantes que frequentam o ensino de escolas públicas (um no municipal outro no estadual) da educação especial tiveram de seguir os protocolos indicados nos cartazes que foram espalhados pela mãe, em casa, para que compreendessem a importância de combater a propagação da Covid-19. Ao retornar às aulas on-line, Matheus contou com um aliado importante: o computador, que o ajudou no ensino-aprendizagem.

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O exemplo que iniciou a reportagem reflete a situação imposta pela nova realidade provocada pela propagação do coronavírus, em Mato Grosso do Sul, e nos demais estados do país, que afetou alunos de escolas públicas, principalmente os da educação especial.

Com o início da pandemia e o fechamento em massa de espaços, como os das escolas públicas e privadas, em 16 de março de 2020, definido pelo Decreto nº 15.391 do governo de MS, a incerteza do futuro foi instaurada na vida de muitas pessoas. Em Mato Grosso do Sul, a situação não foi diferente. A única certeza, porém, para os educadores, era de que o ensino não poderia parar.

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No mesmo dia em que as atividades presenciais foram interrompidas nas escolas, o governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS), publicou no Diário Oficial Eletrônico (DOE) a Resolução 3.745 que dispõe sobre as medidas para o cumprimento da carga horária anual e dias letivos, aos quais os estudantes da Rede Estadual de Ensino têm direito.

A secretaria estipulou a realização de Atividades Pedagógicas Complementares (APCs) durante o período de suspensão das aulas presenciais divulgadas no documento e a educação especial também foi inserida nesse plano, com um capítulo único referente às funções dos educadores da área na rede pública. Assim, ficou definida a adequação das atividades e dos materiais fornecidos para os alunos dessa modalidade.

A Resolução elaborada pela SES levou em consideração não somente o desempenho individual do aluno, mas também a autonomia em relação à família e aos meios disponíveis para execução das atividades.

A coordenadora de Políticas para Educação Especial, da SED/MS, Adriana Buytendorp afirma que a educação especial, também chamada de inclusiva, conta com mais de mil profissionais. “Nós temos nos serviços das escolas cerca de 3 mil estudantes e 1 mil serviços de apoio especializado, que vão desde um professor que atua dentro da sala de aula, como os intérpretes de Libras aos professores que atuam dentro da sala de recursos multifuncionais”, relata.

Ela explica, ainda, que a Resolução foi pensada para que educadores pudessem fornecer apoio pedagógico aos estudantes. “Nesse contexto, nós procuramos privilegiar ações para que todos esses profissionais pudessem atuar dentro do cenário de apoio pedagógico especializado. Assim, como todos eles são professores, independente da função específica do serviço que eles têm formação educacional, eles responsabilizaram-se em fazer a adequação das atividades pedagógicas que foram disponibilizadas para todos os alunos neste período de pandemia”, esclarece.

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Sem fronteira - As diferentes necessidades dos alunos precisaram ser levadas em consideração nos planos de ensino da rede estadual. A coordenadora conta que as APCs foram feitas em três modelos diferentes para atender todos os estudantes: um para as plataformas virtuais, outro para ser impresso e outro com conteúdo voltado para a educação especial. 

O trabalho durante a pandemia foi intenso para os profissionais da educação. Adriana relata um caso em que professores precisavam atravessar a fronteira entre Brasil e Paraguai para entregar e recolher atividades dos alunos residentes em Pedro Juan Caballero - cidade paraguaia que faz fronteira com a sul-mato-grossense Ponta Porã - que estudavam nas unidades brasileiras.

Inovação no atendimento- O Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) da SED/MS também segue a Resolução e os tradutores-intérpretes de Libras, bem como os instrutores e mediadores adaptaram vídeos gravados na Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os estudantes surdos. O material possuía janela de interpretação ou produção de vídeo sinalizado com o mesmo conteúdo.

A gerente pedagógica do CAS, Daniela da Costa, afirma que o trabalho dos professores foi de união nesta pandemia. “O tradutor-intérprete dispunha ou de um ‘notebook’, de um ‘desktop’ ou de um 'smartphone'. Quando o estudante não tinha essa acessibilidade na sua casa, de internet, nosso profissional gravava as aulas com as janelinhas, salvava isso no [Google] drive, mandava para escola, e a escola se incumbia do processo [de distribuir aos estudantes]. Então, [uma coisa] muito bacana de todo esse trabalho foi essa união. Vale lembrar que tudo foi um desenvolvimento de processos, então, não podemos afirmar que foi 100%”, afirma.

Daniela da Costa explica processos dos educadores do CAS durante pandemia - (Vídeo: Victória de Oliveira)

De acordo com a gerente pedagógica, um dos processos da educação inclusiva remota diz respeito, também, à integração da família com as atividades executadas pelo estudante especial. Segundo ela, o ensino remoto auxiliou na participação efetiva da família durante a realização das atividades dos alunos.

“Muitas famílias não tinham comunicação com seus filhos, não sabiam a própria língua do filho porque não conseguiam aprender Libras. Mas, sem o professor-intérprete fazendo a mediação, os horizontes se expandiram. Então, [o ensino remoto] colaborou para o processo de aprendizagem desses meninos. Eles não tinham noção do quanto é grande e importante a participação da família na vida do sujeito surdo”, explica.

Apoio aos professores – Conforme a coordenadora de Políticas para Educação Especial outro processo que não poderia ficar de fora durante o ensino atípico foi a assistência, não somente aos educandos, mas também aos educadores. “Nós fizemos orientação para os professores de como eles iriam trabalhar. Nós fazíamos o upload de atividades em uma pasta no Google Drive e fornecíamos o retorno para os professores e a resposta dos professores para os alunos. Também fizemos uma pesquisa para que os profissionais da educação apontassem quais eram as maiores dificuldades”, conta Adriana Buytendorp. Ela ressalta, ainda, que as dificuldades fizeram parte do processo, especialmente pela pluralidade de alunos e professores da Rede Estadual de Ensino, "porém o resultado foi positivo", comemora.

Para o Superintendente de Políticas Educacionais (SUPED) da SED, Helio Queiroz Daher, a criatividade também foi um elemento essencial no período de educação remota. “Muitas ideias surgiram das próprias escolas. "A escola é um lugar criativo. Então, além das ações mais fixas - produção de material impresso e produção de material on-line - a secretaria incentivou que as escolas pudessem ir mais longe com a criatividade, e surgiu muita coisa. Nós temos professores youtubers, professores que gravaram podcasts maravilhosos. Surgiram talentos nessa pandemia, o que foi muito legal de acompanhar”, lembra.

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Superintendente de Políticas Educacionais (SUPED) da SED, Helio Queiroz Daher (Foto Luciano Muta)

Os "Super D" – No final do mês de dezembro de 2021, o Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/Superdotação (CEAM/AHS), vinculado à Coordenadoria de Políticas para a Educação Especial (COPESP) da Secretaria de Estado de Educação de MS (SED/MS) publicou a primeira edição da revista “Super D”.

A revista apresenta o projeto CEAMLÍMPICOS, idealizado pela gerência pedagógica, coordenação e professores do Atendimento Educacional Especializado (AEE). A iniciativa visou dar visibilidade e promover os estudantes superdotados ao aplicarem seus conhecimentos, habilidades gerais e específicas, interesses, criatividade, envolvimento por meio de um pensamento científico ou criador, em Olimpíadas das áreas técnicas, tecnológicas e científicas, no âmbito nacional e internacional.

O Projeto foi realizado nos anos de 2020 e 2021, em meio aos períodos de aulas on-line, remotas e retorno das aulas presenciais, o qual contemplou a cidade de Campo Grande, bem como outros 22 municípios de Mato Grosso do Sul com suas Coordenadorias Regionais (CRE’S) e professores de Sala de Recursos Multifuncionais (SRM).

A revista possibilita ao leitor conhecer os estudantes superdotados, suas aptidões e competências nas Olimpíadas, por meio de sua trajetória e desenvolvimento nas competições, bem como compreender como ocorre a suplementação, a diferenciação, o aprofundamento e o enriquecimento curricular, realizados no AEE pelos professores.

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