O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, alerta sobre o fato de que o El Niño ainda não atingiu a intensidade máxima e não descarta que situações similares como o ciclone registrado na semana passada, no Rio Grande do Sul, possam se repetir nos próximos meses. A previsão é de chuvas acima da média para o Sul do Brasil, pelo menos até novembro. De acordo com o centro, um sistema frontal com características quase estacionárias foi o principal responsável pelas precipitações históricas que desencadearam as inundações no centro-norte do Rio Grande do Sul. Cerca de cem municípios gaúchos foram atingidos. Uma frente fria, que se originou na Argentina e estacionou sobre o estado, aliada a um sistema de baixa pressão nos altos níveis da atmosfera, motivou as precipitações de quase 300 milímetros.• Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram “Para ter ideia da dimensão, choveu em cinco dias o dobro do historicamente registrado para todo o mês de setembro”, destacou o centro de monitoramento. Um dos efeitos do El Niño no padrão climático regional para a América do Sul é o aumento das chuvas no Sul do Brasil e de seca nas regiões Norte e Nordeste. O fenômeno altera o comportamento dos sistemas frontais, que são regiões de encontro de massas de ar quentes com frias e que estão associadas à ocorrência de chuva. “Durante os anos de El Niño, as frentes frias se posicionam com maior frequência sobre a região Sul do Brasil, e, com isso, as precipitações se tornam mais assíduas e volumosas”, explica o centro. A instituição destaca ainda que as frentes frias estacionam sobre a região em razão de outra alteração provocada pelo El Niño. “O aumento das temperaturas nas proximidades do Equador amplia a deferência térmica entre as latitudes equatoriais e polares, o que traz como consequência uma maior intensidade e estabilidade dos ‘jatos’, que são canais de ventos intensos que ocorrem na alta atmosfera e que controlam o comportamento das frentes frias.” “Assim, durante anos do El Niño, esses jatos tendem a se posicionar sobre a região Sul, motivando a alta frequência de passagens frontais sobre essa região e, em decorrência, um maior acumulado pluviométrico”, explica o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais.