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Especialista responde perguntas sobre o novo coronavírus

O Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), da Universidade Federal de Campina Grande O post Especialista responde perguntas sobre o novo coronavírus apareceu primeiro em Portal Correio.

Cidades|Do R7

O Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC), da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), disponibiliza desde quarta-feira (1º) um serviço de orientação à população sobre o novo coronavírus, por meio do e-mail covid.huac@ebserh.gov.br. As pessoas podem enviar questionamentos e obter as respostas através da equipe médica do hospital. As dúvidas são tiradas das 7h às 19h, diariamente.

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Além desse serviço voltado para a população, o HUAC informou ainda que também dispõe de um infectologista exclusivo para ser acionado pelos médicos do Programa Saúde da Família (PSF), para que esclareçam dúvidas sobre como proceder em relação ao novo coronavírus, causador da doença Covid-19.

O Portal Correio enviou 17 questionamentos sobre a doença para o email. As respostas foram assinadas pelo médico infectologista Jaime Emanuel Brito Araújo. Veja abaixo.


Perguntas e respostas

1 – Quem foi infectado e está curado ainda tem o vírus ou ele foi destruído pelo sistema imunológico?

Quem está curado não tem mais o vírus, este já foi eliminado pelo sistema imune.


2 – Como uma pessoa que apresentou sintomas pode saber que já está curada e não transmitirá mais o vírus? É possível que a transmissão aconteça mesmo depois dos 14 dias indicados de isolamento?

A rigor a pessoa não transmite mais o vírus após completados os 14 dias de sintomas, pois é o tempo de transmissibilidade conhecido. Após esse período, não há mais transmissão.


3 – Homens devem tirar a barba, por quê? Qual outra recomendação, como essa, é necessária para se proteger do novo vírus?

Sim. Ideal que tirem a barba para não acumular secreções ou sujidades. Outras recomendações são:Lavar as mãos com água e sabão ou higienizador à base de álcool.

Manter pelo menos 1 metro de distância entre você e qualquer pessoa que esteja tossindo ou espirrando. Quando alguém tosse ou espirra, pulveriza pequenas gotas líquidas do nariz ou da boca, que podem conter vírus. Se você estiver muito próximo, poderá inspirar as gotículas – inclusive do vírus da Covid-19 se a pessoa que tossir tiver a doença.

Evite tocar nos olhos, nariz e boca. As mãos tocam muitas superfícies e podem ser infectadas por vírus. Uma vez contaminadas, as mãos podem transferir o vírus para os olhos, nariz ou boca. A partir daí, o vírus pode entrar no corpo da pessoa e deixá-la doente.

Estimular a etiqueta respiratória. Isso significa cobrir a boca e o nariz com a parte interna do cotovelo ou lenço quando tossir ou espirrar (em seguida, descarte o lenço usado imediatamente). Gotículas espalham vírus. Ao seguir uma boa higiene respiratória, você protege as pessoas ao seu redor contra vírus responsáveis por resfriado, gripe e Covid-19.

Fique em casa se não se sentir bem. Se você tiver febre, tosse e dificuldade em respirar, procure atendimento médico.

4 – Quem, por acaso, tenha feito o teste que deu positivo para o vírus, mas não tem sintomas, deve ficar isolado? Por quê?

Quem fez o teste e deu positivo deve ficar isolado 14 dias, pois mesmo assintomático, pode ocorrer a transmissão da doença.

5 – Quem são as pessoas mais suscetíveis à Covid-19? Por quê?

As pessoas mais suscetíveis são os maiores de 60 anos e as pessoas portadoras de doenças crônicas com diabetes, asma, hipertensão, obesidade, artrite reumatoide, lupus HIV/AIDS, Tuberculose, DPOC, Hanseníase e outras. No caso das doenças cardíacas, a circulação prejudicada e a debilidade dos pulmões parecem favorecer a agressividade da infecção. Para as doenças que atacam os pulmões, como asma, tuberculose e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), como são doenças que já atrapalham a respiração, há acúmulo de secreção pulmonar e aumento da sensação de falta de ar. Para as doenças que afetam a imunidade, o organismo está mais fragilizado e corre maiores riscos.

6 – Existe a possibilidade do vírus ficar alojado no corpo, como o da herpes por exemplo, e causar outros danos ao organismo? Isso já é conhecido?

Ainda não se sabe

7 – Quais são todos os sintomas já identificados até hoje? Percebemos que, mais recentemente, pacientes perderam olfato e paladar durante a crise. Há mais novidades com relação a sintomas? Quando e quais deles devem acender o alerta de que a doença está se agravando e que é necessário procurar urgência médica?

Cansaço, febre e tosse seca são os principais sintomas, mas também alguns pacientes podem apresentar dores musculares, congestão nasal, dor de garganta e diarreia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A perda de olfato e paladar vem sendo observadas também nestes casos e vários estudos estão em curso. O que se supõe até agora é a destruição das células de olfato e paladar pelo novo coronavírus, mas esse mecanismo ainda é desconhecido e está sendo melhor estudado. Os principais sintomas de agravamento são a piora do cansaço, piora na intensidade e frequência da tosse, a respiração mais acelerada e rápida e também a febre que não baixa.

8 – Qual abordagem é mais promissora: uso da cloroquina, infusão de soro convalescente ou o desenvolvimento de uma vacina? E em quanto tempo teremos algo assim à disposição?

No momento temos muitos estudos em curso sobre tratamentos. O uso de cloroquina e hidroxicloroquina tem apresentado bons resultados já conhecidos em pacientes graves, mas ainda necessita de mais estudos, sendo hoje a abordagem mais promissora e aplicável dentre as outras alternativas, a qual foi recentemente aprovada pelo Ministério da Saúde para uso no Brasil. A infusão de soro de convalescentes ainda carece de mais estudos e não mostrou eficácia comprovada para que possa ser usado em larga escala. Tudo que sabemos são estudos locais e limitados, na China. Sobre a vacina, vários centros de pesquisa no mundo estão em estudos e fazendo suas vacinas, que ainda não entraram em fases de testes.

9 – Precisaremos ficar isolados e mudar totalmente a rotina até que surja um remédio ou vacina, ou poderemos voltar a nos reunir e confraternizar novamente em algum momento?

O isolamento social é necessário até que ocorra uma redução da velocidade de disseminação da doença. Caso ocorra o controle da epidemia e uma situação mais estável, poderemos voltar gradativamente às atividades normais.

10 – Em tempo de urgência, há a possibilidade de antecipar etapas ou diminuir o tempo de teste para uma possível vacina? Como?

Segundo a maioria das autoridades sanitárias, não seria seguro reduzir o tempo de testes das possíveis vacinas, uma vez que em Medicina existe o princípio do “Primum non nocere”, pelo qual se prioriza, antes de tudo, não prejudicar os pacientes. Logo simplificar etapas que já são consagradas e seguras poderia ser prejudicial à saúde dos indivíduos que receberiam estas possíveis vacinas.

11 – A mortalidade em idosos é maior, porém, os números mostram uma maior internação de adultos/jovens (abaixo de 60 anos). Já temos casos de pessoas muito jovens que morreram no Brasil. Até o momento, na PB, um homem de 36 anos morreu com o novo vírus. Qual a diferença do curso da doença nessas faixas etárias? A maioria dos casos no estado é de pessoas abaixo de 60 anos, até o momento.

Em se tratando de doenças virais novas, tudo é muito imprevisível e mutável. O curso da doença nas faixas etárias é basicamente o mesmo dos ditos grupos de maior risco, uma vez que está ligado às próprias características do vírus. Logicamente que indivíduos com comorbidades tenderão a se agravar mais rapidamente, caso desenvolvam quadro clínico mais grave.

12 – Pessoas que têm ou tinham bronquite na infância, tratadas com nebulização (o popular ‘cansaço’), estariam no grupo de risco, como os asmáticos, ou não? Por quê? A pergunta vale tanto para crianças que têm bronquite, quanto para adultos que ainda sofrem do problema ou que o tiveram somente na infância e já estão curados.

Habitualmente quem teve problemas respiratórios na infância não necessariamente fará parte do grupo de maior risco para a infecção pelo COVID-19. Pacientes com patologias controladas também estão na mesma situação.

13 – Como controlar a questão das subnotificações, visto que muitas pessoas com sintomas mais brandos ao chegarem a unidades hospitalares não fazem o teste?

A questão das subnotificações só será resolvida quando o Governo Federal conseguir disponibilizar massivamente testes rápidos para todos os casos, como fizeram outros países.

14 – Qual a estimativa da curva de contágio na Paraíba, visto que o estado não tem grandes metrópoles, não tem confluência de voos internacionais, nem grandes terminais rodoviários e portuários?

A Paraíba ainda náo atingiu o seu pico de casos, que provavelmente se dará nos próximos dias. Apesar de não ter grandes metrópoles, tem concentrações populacionais importantes em todo o estado. Como os casos já chegaram e estamos em fase de transmissão comunitária (quando o vírus já está no meio da população), ausência de voos internacionais e grandes terminais rodoviários e portuários não impedem a disseminação.

15 – Muitas pessoas, com ou sem sintomas, estão usando máscaras, algumas apenas por medo de contágio. Qual é a recomendação para o uso de máscaras? Qual é o tipo de máscara que deve ser usada? Pode-se usar máscara de tecidos comuns? Existem pessoas fabricando máscaras em casa, isso é recomendado? Por quê?

O uso de máscaras é recomendado para quem está com sintomas e para os profissinais de saúde. Para a população em geral, as máscaras de tecido são úteis, pois garantem a barreira contra gotículas se fabricadas corretamente. Pessoas que estão fabricando máscaras em casa devem garantir um tecido mais grosso e impermeável como algodão, por exemplo, e uma dupla camada ao costurar.

16 – Com o aumento de casos em pessoas jovens, inclusive com registro de mortes, é possível afirmar que o comportamento do vírus no Brasil está mudando, com relação ao identificado na Europa? Seria uma forma de parar de pensar que apenas grupos de risco e pessoas mais velhas estão sujeitas a terem sintomas graves?

Provavelmente sim, está mudando. Há relatos de mutações novas no novo coronavírus brasileiro. Os sintomas graves são mais comuns nos chamados grupos vulneráveis, mas pode haver casos graves também em pessoas jovens, como observa-se ultimamente.

17 – Qual a importância do isolamento e como ele funciona, na prática, contra a disseminação do vírus?

O isolamento social funciona para que o contágio reduza, pois as viagens e a circulação e aglomeração de pessoas são o principal fator para o contágio e disseminação da doença.

Saiba mais sobre o novo coronavírus

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