Estudo do Ministério do Desenvolvimento Regional, realizado pela Fundação João Pinheiro, tendo como base o ano de 2019, mostrou que o déficit habitacional em todo o Brasil está em 5,8 milhões de moradias. A análise vai além e diz que a tendência é que esse déficit aumente nos próximos anos.Por outro lado, dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança - Abecip mostram que o mercado imobiliário teve um excelente ano em 2021, com os financiamentos atingindo o valor recorde de R$ 205,4 bilhões com 866,3 mil imóveis."Acontece que se em 2021 houve recorde de financiamento de imóveis, nesse ano deve acontecer uma redução no seu interesse em meio a alta da Selic, taxa básica de juros da economia e principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central do Brasil - BC para controlar a inflação, que já supera a marca de 11% ao ano", analisa Rodrigo Salim, especialista financeiro com mais de 15 anos de experiência em empresas do segmento, graduado em Direito pela Universidade Mackenzie e MBA em Gestão Empresarial pelo INSPER/IBMEC.Diante desse cenário, uma alternativa interessante que pode contribuir para a diminuição desse déficit habitacional e que possui, se bem utilizada, vantagem sobre algumas modalidades de financiamento, é o consórcio de imóveis."Embora tenham a mesma finalidade para obtenção do bem, são produtos financeiros completamente diferentes. Enquanto o financiamento permite uma aquisição mais imediata, o consórcio, na sua função original, atende propósitos de obtenção programada e inteligente, sem a inserção de juros - mas com taxa de administração", explica Salim.O consórcio ocorre através da reunião de um grupo de pessoas que tem como objetivo comum comprar, construir ou reformar um imóvel com parcelas acessíveis e taxas mais atrativas, na modalidade cada integrante do grupo se compromete a pagar, por um determinado período, uma mensalidade que inclui o valor para o bem e sua taxa de administração. Toda essa operação é sempre realizada por uma administradora que precisa ser autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil.O crédito, ao ser contemplado, a pessoa recebe o valor da carta atualizado para aquisição ou reforma do bem de seu interesse. A contemplação é feita por meio de sorteios ou lances que são realizados, periodicamente, nas assembleias.O setor de consórcios tem sido o porto seguro para muitos brasileiros, tanto que encerrou o ano de 2021 batendo recordes, de acordo com a ABAC - Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios. Foram 496,95 mil novas cotas, 85,44 mil contemplações, R$ 91,65 bilhões de créditos comercializados e R$ 15,73 bilhões de créditos disponibilizados."Certamente um dos principais motivos desse crescimento está na ausência de cobrança de juros e no poder de compra do bem com crédito à vista, diferente do que ocorre em um financiamento comum", acredita o especialista.As cerca de 496,95 mil adesões ao consórcio de imóvel durante o ano passado, beneficiam-se, além da possibilidade de escolher entre diferentes opções de valores e prazos, aliado ao poder de negociação de quem tem uma carta de crédito e pode ter melhores condições com pagamento do bem à vista, do não pagamento de juros através de cobrança de taxa de administração, que é prefixada no momento de adesão e diluída entre todos os meses do plano adquirido.Democrático, o consórcio atende desde o consumidor que precisa de um terreno, um imóvel pequeno ou grande, na praia, campo ou na cidade. Ele atende o consumidor que quer comprar ou reformar um imóvel escolhendo o tipo de plano que cabe em seu orçamento. Porém, antes de adquirir uma cota é preciso saber que essa é uma modalidade de compra programada.A metodologia do consórcio de imóvel é simples: seu valor é diluído em um prazo predeterminado. A partir desse momento, todos os integrantes do grupo contribuem ao longo desse período mensalmente e a administradora os contempla, por sorteio ou lance, com o crédito no valor do bem ou do serviço contratado, até que todos sejam atendidos. Simples assim!O lance serve para quem não quer esperar até o final do consórcio, podendo fazer oferta de crédito e com isso antecipar acesso ao valor da carta. Parecido com um leilão, onde quem der o maior valor leva a carta de crédito."O consórcio segue, portanto, como uma importante ferramenta de compra para milhões de brasileiros, que buscam o parcelamento integral do bem, a diversidade de prazos para pagamentos, o poder de compra à vista, as possibilidades de obter o crédito por meio de sorteios ou acelerar a contemplação por meio de lances, a oportunidade de formar e ampliar patrimônio e a flexibilidade do uso do crédito. É uma ferramenta de crédito que está se aprimorando e que sobreviveu a diversas crises", finaliza Salim.