Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Preconceitos podem fazer pessoas com epilepsia omitirem a doença

Pacientes se sentem inseguros devido à imprevisibilidade da ocorrência de crises e precisam lidar com a falta de compreensão das pessoas

Folha Vitória|

Folha Vitória
Folha Vitória Folha Vitória

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo, com estimativa de que 3,5 milhões não recebem ou não fazem o tratamento adequado. A falta de informações e estigmas associados à doença impactam na qualidade de vida dos pacientes que, muitas vezes, não procuram ajuda, encontram dificuldades para se inserir na sociedade ou até mesmo conseguir um emprego.

A epilepsia é caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro que são recorrentes e geram as crises epiléticas. “É como se alguma área do cérebro tivesse um curto circuito, um desarranjo na parte elétrica”, explica a neurologista Irina Raicher.

Um dos sintomas mais conhecidos, e que costuma assustar quando presenciado, é a convulsão, marcada por movimentos rítmicos involuntários de membros, braços e pernas, mordedura da língua e salivação intensa. Mas a neurologista alerta: “não necessariamente uma pessoa que tem uma convulsão é epiléptica. Para o diagnóstico, é preciso ter pelo menos duas crises epilépticas não provocadas em um intervalo maior de 24 horas ou diagnóstico clínico feito pelo médico. Lembrando que as crises também podem ser sutis, mais fracas, como breves desligamentos como em uma parada comportamental, na qual a pessoa fica um tempo sem responder, com o olhar parado, por exemplo”.

É justamente a imprevisibilidade da ocorrência das crises que causa insegurança em quem apresenta a doença. Esse fator somado ao preconceito e os mitos que existem, faz com que muitos se privem de ter uma rotina comum. Mas, de acordo com a Liga Brasileira de Epilepsia, até 70% dos indivíduos com epilepsia têm suas crises controladas com medicamentos antiepilépticos. “Dessa forma, a qualidade de vida é preservada, tornando possível acompanhar a escola normalmente, fazer um curso superior, se desenvolver em uma profissão, como todos os outros”, afirma Irina. “Também existem casos mais graves da doença, em menor porcentagem”.

Publicidade

Além disso, afirmações como “epilepsia é uma doença contagiosa”, “pessoa com epilepsia não deve praticar atividade física, muito menos dirigir”, “pacientes com epilepsia têm dificuldade mental” são grandes mitos que precisam ser desconstruídos. No que diz respeito às atividades físicas, por exemplo, desde que não envolvam esportes radicais, há estudos que comprovam os efeitos benéficos tanto físicos quanto psicológicos, podendo promover a recuperação da autoconfiança e eliminando o medo de que novas crises aconteçam.

Tratamento da epilepsia

Publicidade

Ao contrário do que muitos dizem, alguns tipos de epilepsia têm cura e os sintomas podem ser controlados por medicamentos. Para o tratamento ser bem-sucedido, é necessário existir um comprometimento e um certo rigor do paciente. Segundo Irina, um modo de garantir uma maior eficácia é envolvê-lo nas tomadas de decisões clínicas, deixando que ele escolha a opção que melhor se adeque ao seu organismo, dia a dia e realidade. Entretanto, a construção dessa relação de decisão compartilhada entre paciente e médico requer que mais informações confiáveis sobre a doença estejam disponíveis para as pessoas. “Essa questão de participar das escolhas envolve tudo, desde saber os eventos adversos de cada medicamento até conhecer o quanto cada um pode proporcionar mais qualidade de vida. As decisões abrangem também o custo do tratamento, que é um importante fator de adesão ao tratamento”, afirma Irina.

O que fazer

Caso presencie uma crise, a primeira coisa a se fazer é colocar a pessoa de lado e afastá-la de possíveis perigos. Se possível, leve-a para um lugar seguro. Se não houver a presença de traumas, coloque um travesseiro embaixo da cabeça para evitar ferimentos. Caso identifique algum trauma, não movimente a região da cervical. Mantenha-se ao lado dela até ela acordar. Se o episódio durar mais que cinco minutos, chame um serviço de emergência. Não dê nenhuma medicação para a pessoa, isso deve ser feito por uma equipe de saúde especializada. E o mais importante, contrariando a sabedoria popular, não introduza nenhum objeto na boca da pessoa e nem tente segurar a língua. 

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.