O Brasil tem mais da metade das crianças e adolescentes de 0 a 17 anos vivendo na pobreza. Ao todo, são 28,8 milhões (ou 55,9%) nessa situação. Em 20 estados, mais de 50% da população nessa faixa etária possui alguma privação de acesso à renda, educação, informação, água, saneamento, moradia, proteção contra o trabalho infantil e segurança alimentar.Os dados são do estudo Pobreza Multidimensional na Infância e na Adolescência no Brasil, lançado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) na última quinta-feira (16).O estudo classificou as restrições aos direitos fundamentais em privação intermediária, quando há um acesso limitado ou de má qualidade a uma das esferas, e em pobreza extrema, quando não há nenhum acesso ao direito.O Piauí é o estado com o maior percentual (90,6%) de crianças e jovens em privação, com 776,9 mil.São Paulo, apesar de ser o estado com o menor percentual (31,7%), tem o maior número absoluto de crianças e adolescentes com alguma privação de acesso a direitos fundamentais: 3,3 milhões.Outros estados com mais de 1 milhão de jovens nessa situação são:Os estados das regiões Norte e Nordeste enfrentam as situações mais críticas em relação à privação de direitos fundamentais entre crianças e adolescentes. Pará, Rondônia, Amapá, Acre e Maranhão têm ao menos 80% da população nessa faixa etária vivendo nessas condições.Por outro lado, o percentual de privação das crianças só fica abaixo de 40% em dois estados do Sudeste e no Distrito Federal.Apesar de 28,8 milhões de crianças e adolescentes viverem na pobreza, houve queda em relação ao número anterior, de 2017, quando eram 34,3 milhões (62,5%) nessa situação.Segundo o estudo, a redução da pobreza foi influenciada principalmente pelo aumento da renda — beneficiado em especial pela ampliação do Bolsa Família —, e pela melhoria no acesso à informação.“Crianças e adolescentes precisam ter todos os seus direitos garantidos de forma conjunta, já que os direitos humanos são indivisíveis”, pontuou a chefe de Políticas Sociais do Unicef no Brasil, Liliana Chopitea.De acordo com ela, os resultados do estudo mostram que o Brasil conseguiu avançar nas diversas dimensões avaliadas, “reduzindo a pobreza multidimensional e impactando positivamente meninas e meninos em todo o país”.