Risco de obesidade é 45% maior entre jovens que comem alimentos ultraprocessados
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comprovou que adolescentes que consomem alimentos ultraprocessados tem 45% mais chance de desenvolver obesidade, 52% mais chance de obesidade abdominal (gordura localizada na barriga) e 63% mais chance de obesidade visceral (acúmulo de gordura entre os órgãos), que está altamente relacionada a doenças como […] The post Risco de obesidade é 45% maior entre jovens que comem alimentos ultraprocessados first appeared on Portal Correio.
Portal Correio|Do R7
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) comprovou que adolescentes que consomem alimentos ultraprocessados tem 45% mais chance de desenvolver obesidade, 52% mais chance de obesidade abdominal (gordura localizada na barriga) e 63% mais chance de obesidade visceral (acúmulo de gordura entre os órgãos), que está altamente relacionada a doenças como hipertensão e diabetes tipo 2.
Veja mais matérias sobre Saúde no Portal Correio
A pesquisa teve como base dados de 3.587 adolescentes entre 12 e 19 anos que participaram do inquérito nacional de saúde e nutrição dos Estados Unidos.
No estudo, os jovens foram divididos em três grupos de acordo com a quantidade ingerida desses produtos, comparando os que mais comiam ultraprocessados (em média 64% do total de gramas da dieta) com aqueles que comiam menos (18,5% em média).
Acompanhe a TV Correio na Internet
Os resultados completos da pesquisa foram divulgados no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.
“A evidência científica tornou-se bastante sólida em relação ao papel negativo dos alimentos ultraprocessados na pandemia de obesidade. Isso está muito bem demonstrado para os adultos. Entre os jovens já havíamos constatado que o consumo desses produtos é elevado – representando cerca de dois terços da dieta dos adolescentes norte-americanos –, mas os resultados referentes à associação entre padrões alimentares baseados em ultraprocessados e desfechos de saúde, entre eles a obesidade, eram escassos e inconsistentes”, explica Daniela Neri, primeira autora do artigo e integrante do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Contexto
Coordenada pelo professor Carlos Augusto Monteiro, a equipe do Nupens foi pioneira em associar as mudanças no processamento industrial de alimentos com a pandemia de obesidade, que teve início nos Estados Unidos nos anos 1980 e, no século 21, atingiu a maioria dos países do mundo. Com base nessa hipótese, o grupo desenvolveu uma classificação para os alimentos, denominada NOVA, baseada no nível de processamento industrial.
O trabalho embasou as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira lançado em 2014, que recomenda priorizar as preparações culinárias com alimentos in natura ou minimamente processados e evitar os ultraprocessados – categoria que pode incluir desde refrigerantes, bolachas recheadas e salgadinhos de pacote até mesmo um aparentemente inocente pão de forma integral.
“De modo geral, os alimentos e bebidas ultraprocessados contêm aditivos químicos – como corantes, aromatizantes, emulsificantes e espessantes – que buscam melhorar as características sensoriais do produto. Muitos deles têm alta densidade energética e teores elevados de açúcar e gordura, o que contribui diretamente para o ganho de peso. Mas mesmo aqueles com baixas calorias, como o refrigerante diet, podem favorecer o desenvolvimento de obesidade de formas que vão além da composição nutricional. Por exemplo, interferindo na sinalização de saciedade do organismo ou modificando a microbiota do intestino”, explica Neri.
Hábitos alimentares preocupam
Embora o arroz com feijão ainda seja a base da alimentação brasileira, ressalta a pesquisadora, um levantamento divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde revelou que o consumo de ultraprocessados é frequente no país até mesmo entre crianças com menos de 5 anos: mais de 80% dos indivíduos nessa faixa etária fazem uso regular.
“A ingestão desses produtos tira o espaço do alimento in natura ou minimamente processado em uma fase em que os hábitos alimentares estão sendo formados”, alerta Neri. “Essa exposição de crianças e adolescentes a esses alimentos obesogênicos representa uma verdadeira programação para problemas futuros de saúde. É realmente preocupante.”
Para a pesquisadora, controlar essa exposição é algo que está além da capacidade das famílias, uma vez que seria necessário remodelar todo o sistema alimentar atual.
“Além de conscientizar os consumidores, é preciso agir em várias frentes por meio de políticas públicas. Há diferentes estratégias possíveis, como restringir a publicidade, principalmente para crianças, e aumentar a tributação desses produtos, ao mesmo tempo em que se amplia o acesso aos alimentos in natura. Outra medida fundamental diz respeito aos rótulos, que devem trazer informações mais claras para guiar as escolhas alimentares dos consumidores”, avalia Neri.
The post Risco de obesidade é 45% maior entre jovens que comem alimentos ultraprocessados first appeared on Portal Correio.