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Suspeitos de desviar mais de R$ 400 mil em doações via chave Pix viram réus no TJ da Bahia

Ex-jornalistas da TV Record/Itapoan estão entre os envolvidos; os dois teriam movimentado R$ 3,4 milhões de forma atípica

Cidades|Do R7

Os jornalistas Marcelo Valter Castro e Jamerson Birindiba estão entre os réus
Os jornalistas Marcelo Valter Castro e Jamerson Birindiba estão entre os réus Reprodução/Arquivo pessoal

O Tribunal de Justiça da Bahia tornou réus 12 acusados de integrar uma quadrilha que teria desviado R$ 400 mil em doações via chave Pix. Eles são suspeitos de organizar campanhas de arrecadação de dinheiro para pessoas com dificuldades financeiras, a maioria doentes e muito pobres. Mas as chaves Pix divulgadas pertenciam, na verdade, aos integrantes do grupo que controlava todos os depósitos. Entre os réus, estão dois jornalistas ex-funcionários TV Record/Itapoan: Marcelo Valter Amorim Matos Lyrio Castro e Jamerson Birindiba Oliveira. O R7 tenta contato com as defesas.

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De acordo com a investigação, eles usavam histórias de pessoas que tiveram seus dramas pessoas exibidos no “Balanço Geral Bahia”, transmitido pela TV Record/Itapoan, com pedidos de doações.

A apuração constatou que Marcelo Valter Castro, na condição de repórter e apresentador de programas televisivos, “realizava os pedidos de doações e informava o número da chave Pix que aparecia na tela para receberem as contribuições, mesmo sabendo que estas não pertenciam aos entrevistados, mas sim outros integrantes da associação criminosa”.

Além disso, a investigação constatou que Jamerson Birindiba, na condição de editor-chefe do programa, “autorizava a inserção e a exibição da chave Pix destinada ao recebimento das doações, ciente de que pertencia a um dos integrantes do grupo criminoso, e não à vítima ou pessoa por ela indicada, para, assim, receberem os valores que os telespectadores transfeririam para as vítimas, e, em seguida, se apropriarem da maior parcela”.


A investigação notou movimentações atípicas nas contas bancárias dos dois em um período de 15 meses. Marcelo Valter Castro movimentou pouco mais de R$ 1,2 milhão e Jamerson Birindiba, cerca de R$ 2,2 milhões.

“Os telespectadores, comovidos pelos relatos de sofrimento e privações financeiras exibidas nos programas, transferiam recursos para as vítimas, através de chaves pix informadas pelo repórter que realizava as entrevistas e que eram exibidas na tela da televisão”, diz a denúncia do Ministério Público.


Além de tornar os dois réus, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 607,1 mil das contas de Marcelo Valter Castro, Jamerson Birindiba e um terceiro envolvido. Todos os réus estão proibidos de deixar Salvador por mais de sete dias e não podem sair do Brasil.

Os jornalistas foram demitidos por justa causa em março de 2023 após a emissora investigar o caso. As apurações revelaram que cerca de 75% das arrecadações ficavam com os envolvidos na quadrilha, enquanto apenas uma pequena parte era destinada às verdadeiras vítimas das campanhas.


Dona Maria de Fátima é citada como vítima direta do golpe. Ela recebeu apenas R$ 3 mil dos R$ 27.600 arrecadados para sua causa por meio dos jornalistas.

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