O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou a viagem à Europa, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para tratar da definição das medidas do pacote de corte de gastos do governo. O ministro se reúne nesta segunda-feira (4), às 9h, com o chefe do Executivo, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo.Além da pressão sobre os cortes de gastos do governo, o encontro também vai tratar das eleições norte-americanas, marcadas para esta terça-feira (5).Segundo nota do ministério, o ministro, que embarcaria na tarde desta segunda, “estará em Brasília ao longo da próxima semana, dedicado aos temas domésticos”. Pela previsão anterior, Haddad ficaria fora do país até sábado (9).A viagem afastaria o ministro do país em uma semana crucial para o governo, que é cobrado a apresentar o pacote de medidas de revisão de gastos. Prometido para “depois das eleições municipais”, o ajuste nas despesas elevou as expectativas do mercado em relação ao potencial das medidas.“Não sei o motivo do cancelamento, mas consigo avaliar o resultado. É um sinal positivo. O mercado ficou absolutamente estressado com a notícia da viagem, pois isso de alguma forma simboliza uma falta de urgência na decisão de controle de gastos”, comentou ontem o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani. “Os mercados estão tensos com a questão fiscal combinada com o global um pouco pior, e isso tem levado o câmbio para quase R$ 5,90.”A despeito da pressão pela divulgação de medidas, o governo tem agido em seu próprio ritmo, o que evidencia a diferença entre o tempo do mercado e da política. Na semana passada, esse descompasso gerou turbulência, especialmente no mercado de câmbio, onde a cotação do dólar disparou, atingindo R$ 5,86.Integrantes da equipe econômica reconhecem que o momento é delicado, mas têm seguido a orientação de Haddad de evitar vazamentos e antecipações sobre medidas fiscais. A abordagem ao estilo do que aconteceu nas semanas que antecederam o anúncio do arcabouço fiscal deixa o mercado mais nervoso, mas a avaliação dentro do governo é de que operadores ficarão assim com ou sem notícias da Fazenda.Haddad é equipe estudam um pacote de revisão dos gastos, que pode impor um limite de aumento real de 2,5% por ano para as principais despesas do Orçamento, colocando o mesmo limite do teto do arcabouço fiscal.