Economia Avanço do arcabouço fiscal já reflete em queda de juros longos, diz Campos Neto

Avanço do arcabouço fiscal já reflete em queda de juros longos, diz Campos Neto

Presidente do BC elogia trabalho de Haddad e mobilização do Congresso para aprovar proposta, mas desconversa sobre juros

Reuters
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

O avanço do arcabouço fiscal, aprovado na Câmara dos Deputados nesta semana, impacta as expectativas de inflação e já reflete em um recuo nos juros futuros, disse, nesta quinta (25), o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto. Ele também citou um estudo que mostra a ineficiência de a meta de inflação seguir o ano-calendário (em que são geradas as receitas e feitas as despesas).

A fala sobre o estudo, feito pela autoridade monetária, foi entendida como um sinal ao governo.

"É muito impressionante esse processo. Eu reconheço o grande trabalho que foi feito pelo governo, pelo ministro Haddad, e como o Congresso se mobilizou e fez uma votação rápida e tão expressiva em um tema como o arcabouço, que é tão importante para a gente, porque influi nas expectativas", disse.

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"E tem influído nas expectativas, a gente vê as taxas de juros longas caindo bastante", acrescentou.

Campos Neto disse que um estudo feito no Banco Central há “algum tempo” chegou à conclusão de que havia ineficiência de a meta de inflação seguir o ano fiscal, e não um horizonte contínuo, ponderando que o tema ainda gera uma grande divisão de opiniões entre economistas.

No início deste mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia defendido expressamente uma "meta contínua" para a inflação. Campos Neto, Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, vão definir em junho a meta de inflação de 2026 no CMN (Conselho Monetário Nacional), e há uma expectativa de que possam aprovar também uma alteração no calendário do regime.

Campos Neto afirmou que o dado sobre a inflação divulgado na manhã desta quinta-feira (25) veio melhor que o esperado, da mesma forma como os núcleos de inflação.

O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) subiu 0,51% em maio, depois de avançar 0,57% em abril, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado ficou abaixo das expectativas de especialistas e de intituições financeiras, que previam alta de 0,64%, e foi taxa mais baixa desde outubro de 2022.

Segundo o presidente do BC, a desinflação está um pouco mais lenta, mas o banco vê sinais positivos, ressaltando que o fortalecimento do real ajuda no processo.

Campos Neto não falou quando a taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, poderá começar a ser reduzida, e voltou a dizer que ele é apenas um voto no Copom (Comitê de Política Monetária), que estabelece diretrizes da política monetária e define a taxa básica de juros, e é composto de mais nove diretores do banco.

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