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A Americanas abalou o mercado nos últimos dias após anunciar na quarta-feira (11) que encontrou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões ligadas à conta de fornecedores e que o presidente-executivo, Sérgio Rial, decidiu deixar a companhia, apenas dez dias depois de ter assumido o cargo. Entenda, a seguir, o que aconteceu com a rede varejista
LUIS LIMA JR/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO-17/01/2023
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Em cerca de dois meses, a Americanas (AMER3) completará 18 anos de negociações na Bolsa de Valores. E, nesse meio-tempo, a ação, que começou com valor de quase R$ 10, já chegou a ultrapassar R$ 100. No entanto, a partir da última quinta-feira (12), a companhia perdeu mais de R$ 8 bilhões em seu valor de mercado por conta das 'inconsistências contábeis' de R$ 20 bilhões nos balanços da empresa que foram reveladas recentemente
Estadão Conteúdo / Davi Corrêa / Futura Press - 12/01/2023
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No dia seguinte ao da descoberta, em evento do BTG Pactual, Rial declarou que o impacto bilionário da companhia estava relacionado ao 'risco sacado, que não era lançado como dívida'. Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o 'risco sacado' consiste em uma modalidade de antecipação de recebíveis. Ou seja, 'a companhia vendedora emite uma fatura que contempla o prazo a ser financiado pelo banco, porém não reconhece em sua contabilidade a venda pelo valor presente. E com isso apresenta um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) maior'. Assim, a empresa compradora consegue distorcer sua real situação financeira. O Ebitda, por sua vez, serve como 'um indicador bastante útil para medir o potencial de geração de caixa da empresa', afirmou a Rico Investimentos, em relatório
ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 12.1.2023
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A CVM abriu quatro processos administrativos para investigar a Americanas, além de ter recebido uma denúncia contra a companhia. Segundo a assessoria do órgão, os processos ainda estão em fase inicial. O estágio em que se encontram é o de recolher informações e apurar os fatos
DAVI CORRÊA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO-12/01/2023
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Bancos e corretoras puseram as ações da varejista sob revisão, e as principais agências de classificação de risco, Moody’s, Fitch e S&P Global Ratings, rebaixaram os ratings da companhia após a descoberta do rombo contábil. Até o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu declarações sobre a história
RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO-13/01/2023
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Além das questões da CVM, desde sexta-feira (13) a Americanas trava uma batalha para se defender da cobrança dos credores, principalmente os bancos. E dessa vez é com a Justiça. A empresa conseguiu uma medida de tutela de urgência cautelar que suspende a possibilidade de bloqueio, sequestro ou penhora de bens da empresa. O pedido também adia a obrigação de pagamento de dívidas até que a companhia decida, em um prazo de 30 dias, se opta por um pedido de recuperação judicial. E, amparada pela Justiça, a Americanas já anunciou o primeiro calote
Ueslei Marcelino/Reuters - 12.1.2023
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A medida desagradou ao BTG Pactual, que subiu o tom e disse que 'o fraudador' estaria 'pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude'. O banco contra-atacou com diferentes estratégias para reverter a decisão judicial, mas ainda sem sucesso. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, o entendimento da Justiça é que, se revertida a decisão que adiou o pagamento das dívidas, outros credores poderiam seguir os passos do BTG e exigir o adiantamento de passivos que só deveriam ser pagos no longo prazo. Um cenário que poderia significar o fim para a empresa. Além disso, entidades representativas da sociedade já começam a abrir processos contra a empresa
DAVI CORRÊA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
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O Juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, Paulo Assed, além de ter concedido a medida tutelar à companhia, deu um prazo de 30 dias para que a Americanas peça, se avaliar que é o caso, recuperação judicial. A decisão foi tomada após a varejista alegar que poderia ter R$ 40 bilhões em dívidas no curto prazo. A medida, que a companhia não definiu se será acatada ou não, nada mais é do que meios jurídicos para tentar renegociar dívidas e pagamentos junto a credores, colaboradores e fornecedores
Lorena - Notícias
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Para tentar salvar a companhia, a varejista anunciou nesta terça-feira (17) o nome de Camille Loyo Faria como nova CFO (Diretora Financeira) e DRI (Diretora de Relações com Investidores) da empresa. Um dos seus marcos profissionais foi da companhia de telefonia fixa Oi. Ela foi a responsável pela renegociação do plano de recuperação da empresa, que tinha dívidas de cerca de R$ 60 bi, o triplo do informado no primeiro momento pela Americanas
ETTORE CHIEREGUINI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO-18/01/2023
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Como saída, os bilionários e investidores de referência, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, afirmaram que poderiam injetar R$ 6 bilhões na Americanas. Hoje, o trio é dono da 3G Capital, fundo de private equity controlador da varejista. No entanto, o montante foi considerado insuficiente pelos bancos, que avaliam que o trio precisaria aportar entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões para viabilizar uma capitalização que a varejista vai precisar fazer de forma urgente para se salvar
Ueslei Marcelino/Reuters-12/01/2023
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Na prática, para receber o aporte, a Americanas precisará passar por uma operação de follow on, a oferta subsequente de ações a serem adquiridas pelos bilionários da 3G. Algo que não é tão positivo para os investidores minoritários na Bolsa, explica Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimentos. “Isso trará uma perda grande para os atuais acionistas, porque haverá uma diluição patrimonial para os investidores, que serão donos de uma parcela menor da ‘nova’ e capitalizada Americanas”, diz Conde. “O preço de emissão das ações tende a ser bem menor do que o preço de Bolsa hoje para atrair mais investidores além do 3G”
DAVI CORRÊA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO-16/01/2023