Pesca, aluguel de quadras esportivas e passeios a zoológicos e aquários foram algumas das atividades em que os consumidores mais gastaram seu suado dinheiro, por meio de pagamentos com cartão, tanto de crédito quanto de débito, nos três primeiros meses do ano. Só em compras e serviços relacionados com a pesca, houve um aumento de 528% no valor transacionado em comparação com o que foi comercializado no mesmo período de 2021. "No primeiro trimestre, com o fim das restrições impostas pela pandemia, as atividades ao ar livre cresceram. Os brasileiros voltaram a viver fora de casa e gastaram mais com esporte e lazer, com destaque para o beach tennis, e outros esportes, passeios e viagens com a família", afirma Paula Cardoso, CEO da Rede, empresa de meios de pagamento do Itaú Unibanco. As informações fazem parte da Análise do Comportamento de Consumo, relatório que apresenta um panorama dos gastos dos brasileiros. O levantamento é feito com os dados das compras realizadas com cartões do Itaú Unibanco e das vendas realizadas pelo sistema da Rede, em janeiro, fevereiro e março de 2022. As despesas com aluguel de quadras esportivas, por exemplo, tiveram aumento de 126% no valor transacionado em relação ao mesmo período de 2021. "As quadras de beach tennis tiveram aumento no consumo de 330% no valor transacionado e de 355% no número de operações", diz Paula sobre o que já é considerado “o esporte do momento”, o tênis de praia. "Esse esporte, já consolidado no Sudeste, ganhou força no Centro-Oeste e no Nordeste, teve um boom no consumo no período analisado", completa. Outras atividades ao ar livre que interessaram aos consumidores foram os passeios a zoológicos e aquários, que, juntos, tiveram alta de 109% no valor transacionado e de 91% na quantidade de operações. Dos esportes em ambientes internos, neste início de ano, as academias de musculação e ginástica atraíram os maiores gastos e conseguiram se recuperar das dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19: O valor transacionado no período apresentou avanço de 76% em relação primeiro trimestre de 2021. "Com esse crescimento, o resultado supera a fase anterior à pandemia, com alta de 29% na comparação com o mesmo período de 2019", diz a diretora da Rede. Outro setor para o qual o brasileiro abriu o bolso foi o teatro, um dos mais prejudicados pelo isolamento social. O levantamento mostra que houve incremento de 526% no valor transacionado nos primeiros três meses do ano, e de 383% na quantidade de operações. Esses números ainda não superam o que era gasto nas salas de espetáculos no período pré-pandêmico, mas está quase lá. A volta das aulas presenciais levou ao aumento dos gastos com material escolar, que cresceram 58% em 2022 ante 2021. Ainda na área da educação, segundo Paula, os cursos online continuam em crescimento, com alta de 39% no período analisado. Na comparação com 2020, o aumento é de 88%. A executiva da Rede conta que, na comparação com o cenário de consumo do período anterior à pandemia, alguns segmentos apresentam destaque na análise do primeiro trimestre de 2022. Um dos setores foi a educação, que apresenta alta de 51% no valor gasto em relação a 2020. O número de transações teve aumento de 60% na comparação com 2020, e de 83% sobre os primeiros três meses de 2019. Os gastos com profissionais autônomos (técnicos de tecnologia da informação, de serviços gerais de construção e de manutenção, entre outros) cresceram 30% de 2021 para 2022. Na comparação deste ano com 2020, o número de transações comerciais foi 76% maior e, em relação a 2019, o salto foi de 154%. "Esses serviços não pararam durante a pandemia, mas, com as pessoas ficando mais tempo em casa, a hipótese é que a demanda tenha aumentado, assim como o desemprego pode ter levado mais pessoas a trabalhar nessas ocupações", comenta Paula. Com a inflação em alta, observou-se um crescimento de 43% na quantidade de transações em compra em redes atacadistas em relação a 2020, e de 83% sobre 2019. Isso mostra que as pessoas estão tentando fazer o salário valer mais, comprando itens oferecidos por preços mais baixos.