Economia Dólar sobe frente ao real com juros e Imposto de Renda no radar

Dólar sobe frente ao real com juros e Imposto de Renda no radar

Alta segue tendência do encerramento de sexta-feira (3), que conta também com temores a falas de Lula

  • Economia | Do R7, com Reuters

Banco central dos EUA sinalizou que não deve voltar a baixar os juros tão cedo.

Banco central dos EUA sinalizou que não deve voltar a baixar os juros tão cedo.

Reuters / Yuriko Nakao / 02/08/2011

O dólar avançava frente ao real nesta segunda-feira (6). Às 11h44, a moeda americana tinha alta de 0,59%, a R$ 5,17. Já o índice Ibovespa tinha queda de 0,78%, no patamar de 107 mil pontos.

O movimento vem em linha com o clima internacional cauteloso em meio à possibilidade de manutenção de uma postura de política monetária rígida por parte do Federal Reserve, o banco central americano.

Com a manutanção de patamar maior de juros nos Estados Unidos, a oferta do dólar tende a ser menor, o que encarece o câmbio em todo o mundo.

Nesse sentido, havia o fortalecimento da moeda norte-americana frente a vários pares de países emergentes ou sensíveis às commodities, como dólar australiano, peso mexicano e rand sul-africano.

Segundo investidores, o mercado global ainda estava cauteloso na esteira de dados de sexta-feira (3), que mostraram a abertura nos Estados Unidos de 517 mil vagas de emprego fora do setor agrícola no mês passado, leitura bem mais forte que as 185 mil vagas esperadas por economistas.

Com mais pessoas ocupando postos de trabalho, o consumo tende a aumentar, o que pressiona a taxa de inflação para cima.

Os números, que contrastam com um recente arrefecimento em dados de inflação norte-americanos, reduziram esperanças de que o banco central dos EUA poderia encerrar seu atual ciclo de aperto monetário com juros abaixo de 5%.

"Se os membros do Fed estão confusos, imagina os investidores para saber para que ponto, para onde vão os juros nos Estados Unidos... Então isso deixou a volatilidade maior e o dólar se valorizando forte frente a todas as moedas, e, não seria uma exceção, em cima do real", diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora.

Temores com Lula

Já no Brasil, investidores digeriam a possível intenção do governo de Luiz Inácio Lula da Silva de ampliar a isenção do Imposto de Renda para a faixa de até dois salários mínimos. O valor corresponderia a R$ 2604.

A medida representaria uma renúncia de receita muito maior. Isso em um momento em que a equipe econômica busca reduzir o forte déficit do governo brasileiro esperado para 2023 e sinalizar disciplina nos gastos públicos.

"Tem uma preocupação efetivamente sobre como o governo vai lidar com essa isenção do IR. Não se tem ainda ideia de onde vai sair esse dinheiro, até porque vai ter que ter uma contrapartida para conseguir aprovar isso conforme a lei de responsabilidade fiscal e jogar isso em cima do orçamento", explicou Velloni.

Investidores também têm se mostrado desconfortáveis com uma aparente tensão entre o governo e o Banco Central. Lula e membros de sua administração têm criticado a taxa de juros elevada e a independência da autarquia.

O Banco Central manteve a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, em 13,75% na semana passada e alertou em seu comunicado de política monetária para os riscos da irresponsabilidade fiscal.

A autarquia divulgará a ata de seu último encontro, o que deve concentrar a atenção de participantes do mercado nos próximos dias.

Na sexta-feira (3), a moeda norte-americana subiu 1,98%, a 5,14 reais na venda, maior valorização percentual diária desde 10 de novembro passado (+4,10%) e a cotação de encerramento mais alta desde 23 de janeiro (5,1993).

Além disso, nesta segunda-feira (6), os analistas do mercado financeiro elevaram, pela oitava semana consecutiva, as expectativas para a inflação oficial de preços em 2023. Ao mesmo tempo, eles passaram a prever um crescimento econômico mais modesto neste ano.

De acordo com o Banco Central, o avanço estimado para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu de 5,74% para 5,78% e a projeção de alta do PIB (Produto Interno Bruto) caiu de 0,8% para 0,79%.

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