O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira (30) que entende a “inquietação" do mercado em relação ao arcabouço fiscal. Segundo ele, a dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber no arcabouço. “A ideia é fazer com que as partes não comprometam o todo. Tem a sustentabilidade de médio e longo prazo, que é hoje a dúvida que preside as incertezas no mercado", afirmou o chefe da pasta. “O que aconteceria se as despesas obrigatórias continuarem crescendo nesse ritmo? Então, [o arcabouço] é uma fórmula que permite que esse encaixe aconteça”, acrescentou. O ministro afirmou que a ideia é fazer as despesas caberem na fórmula que foi aprovada pelo Congresso. “No ano passado, o Congresso avalizou uma fórmula. Então, nós temos que encontrar um caminho de fazer com que essa fórmula tenha sustentabilidade no tempo."Segundo Haddad, a meta da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) será cumprida. “O ano já está se encerrando, nossas projeções de arrecadação continuam vindo boas. Este mês provavelmente termina bem [com] o último relatório bimestral. Haddad justificou também a demora para a redação do arcabouço. “Uma semana não vai prejudicar, pelo contrário, vai melhorar a qualidade do trabalho. Eu até entendo a inquietação [...] Meu trabalho é esse: tentar entregar a melhor redação possível para que haja compreensão do Congresso da situação do mundo e do Brasil, e nós possamos ancorar as expectativas e sair desse rodamoinho que não faz sentido à luz dos indicadores econômicos do Brasil", disse.A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, defendeu na quarta-feira (30) que o governo apresente no mês de novembro o pacote com medidas de revisão de gastos.“Para mim, nós precisamos apresentar agora no mês de novembro. A maioria das medidas não precisa ser aprovada esse ano, porque a questão do impacto [fiscal] é para 2026. Se o Congresso falar que quer abrir comissões, com o novo presidente do Congresso, com o novo presidente da Câmara, eu, como ministra, nesse caso, não vejo dificuldades em votação em março”, disse Tebet.O ministro destacou que em 2023 também houve inquietações. “O arcabouço ano passado dissipou incertezas e a gente teve um ano excelente, na sequência, com queda do juro, queda do dólar, ancoragem das expectativas. Espero que aconteça a mesma coisa,“ lembrou. ”Entendo a inquietação, faz parte do mundo, [o mercado] está nervoso por causa das eleições dos Estados Unidos. Tem desacelerações na China, as commodities estão em um vai e vem, mas com tendência de queda. Há vários elementos aí que estão compondo esse quadro", concluiu.