FMI: alto crescimento latino-americano de começo do século não é sustentável
Economia|Do R7
Pequim, 20 jan (EFE).- As altas taxas de crescimento da América Latina dos primeiros anos do século não é "sustentável", destacou nesta terça-feira o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Oliver Blanchard. O organismo apresentou nesta terça-feira em Pequim seu novo relatório Perspectivas Econômicas Globais, no qual a América Latina viu reduzida suas previsões de crescimento até 1,3% em 2015, nove décimos a menos que em outubro, e até 2,3% em 2016, cinco décimos menos. "É certo que reduzimos bastante as previsões para a América Latina e o fator comum é a redução das matérias-primas", disse Blanchard na apresentação do FMI, que situa os EUA como a única grande economia no meio da fraqueza global, na qual, além da América Latina, Japão, a zona do euro e inclusive a China também sofrem um arrefecimento de seu crescimento. Os EUA parecem consolidar finalmente sua recuperação, segundo o FMI, que elevou suas projeções a 3,6% para este ano e 3,3% no próximo, cinco e três décimos a mais, respectivamente, que em outubro. A América Latina, por outro lado, é uma das regiões emergentes mais prejudicadas pela forte freada global. Para Blanchard, os efeitos da redução dos produtos básicos que começou em 2011 estão sendo vistos agora sobre as projeções econômicas da região. "Os países agora estão se dando conta de que parte do crescimento vinha realmente dos altos produtos básicos", destacou o economista, que assegurou que "estamos em processo de aprendizagem". "Estamos aprendendo que o alto crescimento do começo do século não é sustentável", ressaltou. A forte freada do Brasil é especialmente pronunciada, com uma projeção de um crescimento do PIB de apenas 0,3% para 2015, 1,1% a menos que o previsto em outubro. "Nossas previsões são realizadas com base na segunda metade do 2014, e a atividade então foi bastante frágil, sobretudo, em investimento", explicou, por sua parte, Gian Maria Milesi-Ferretti, subdiretor de investigação do FMI, em entrevista coletiva. O economista ressaltou que certas situações não tinham ajudado, como a incerteza das eleições ou a investigação da Petrobras, que afetou os planos investidores. Milesi-Ferretti também fez alusão à política monetária impulsionada no país para combater a pressão inflacionária, assim como, de novo, os efeitos dos produtos básicos. O México, o outro grande economia regional, mantém um ritmo de crescimento mais sólido de 3,2% para 2015, embora também representa um rebaixamento de três décimos a respeito dos anteriores cálculos do FMI. EFE tg/ff