Ibovespa tem maior queda diária em 11 meses com efeito Jefferson
Bolsa paulista tem dia de forte correção, e o índice de referência do mercado acionário brasileiro cai 3,27%; ações de estatais desabam
Economia|Do R7
A bolsa paulista teve um dia de forte correção nesta segunda-feira (24), a poucos dias do desfecho da corrida presidencial. O Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, caiu 3,27%, a 116.012,7 pontos, maior queda percentual diária desde 26 de novembro de 2021. No pior momento, chegou a 115.792,69 pontos.
O volume financeiro na sessão somou R$ 30,7 bilhões.
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Na semana passada, o Ibovespa acumulou alta de 7%, em parte apoiado em pesquisas eleitorais mostrando um estreitamento na diferença entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), com melhora do desempenho do atual presidente e candidato à reeleição.
A euforia, criada pela expectativa de que Bolsonaro poderia reverter no domingo (30) a derrota que sofreu de Lula no primeiro turno, foi abrandada por um episódio no fim de semana, envolvendo o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB). Apoiador de Bolsonaro, ele disparou tiros de fuzil e lançou granadas contra policiais federais que cumpriam mandado de prisão determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra ele.
Impacto
Bolsonaro procurou, já no domingo, distanciar-se do ex-deputado, mas o estrago estava feito. Ao mesmo tempo que sua campanha agora precisa dividir o foco com ações para conter danos, a oposição tem um novo assunto a ser explorado.
"O cheiro que as pessoas tinham que Bolsonaro iria ganhar, meio que sumiu", disse Carlos Belchior, estrategista-chefe da G5, acrescentando que o "pau a pau [na disputa presidencial] ficou mais do que certo".
Divulgada na tarde de segunda, pesquisa AtlasIntel para o segundo turno mostrou oscilação positiva de Lula para 52,0% de apoio ante 51,1%, contra 46,2% de Bolsonaro, que tinha 46,5%. Ela ainda não capturou o caso de Roberto Jefferson.
Na visão de Belchior, o que ocorreu no domingo traz desconforto, em particular para as pessoas mais moderadas, eleitores de centro e indecisos, que se questionam sobre se a institucionalidade do país está em jogo.
Ele disse que, nesta semana, espera um mercado mais volátil do que na defensiva, principalmente com pesquisas determinando o humor, mas também as bolsas nos Estados Unidos, que terão uma semana com resultados corporativos relevantes.
Nesta segunda, o norte-americano S&P 500 avançou mais de 1%, em meio a projeções de que o Federal Reserve não seja tão agressivo em sua política monetária.
A semana também começou com noticiário relevante na China, onde Xi Jinping assegurou um terceiro mandato. Sua nova equipe de liderança levantou temores de que o crescimento será sacrificado por políticas orientadas pela ideologia.
As bolsas na China reagiram com quedas importantes, ajudando a pressionar o Ibovespa, dado que ambos são mercados emergentes. Uma bateria de dados econômicos chineses também esteve no radar, incluindo PIB acima do esperado no terceiro trimestre.
Destaques
- Petrobras PN desabou 9,2%, a R$ 34,25, após renovar máximas na semana passada, quando acumulou valorização de quase 13%. Os papéis foram afetados nesta segunda pela turbulência política, enquanto o preço do petróleo Brent fechou com decréscimo de apenas 0,3%.
- Banco do Brasil ON despencou 10,03%, a R$ 40,20, com o noticiário político também abrindo espaço para ajustes, após o papel subir 14% na última semana. No setor, Itaú Unibanco PN perdeu 4,54%, e Bradesco PN caiu 4,25%.
- IRB Brasil ON tombou 8,49%, a R$ 0,97, sendo negociada abaixo de R$ 1 pela primeira vez. Novo prejuízo mensal da resseguradora reforçou um cenário desafiador para a companhia, e trouxe receios sobre o colchão de capital da empresa, mesmo após uma oferta de ações.