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Impasse com a dívida dos EUA dificulta que os juros caiam no Brasil, diz especialista

Governo americano tem até 1º de junho para definir a situação, que pode levar a calote

Economia|Do R7

Se não houver acordo, o governo americano pode atrasar pagamentos e até dar calote
Se não houver acordo, o governo americano pode atrasar pagamentos e até dar calote Se não houver acordo, o governo americano pode atrasar pagamentos e até dar calote (Marcello Casal JrAgência Brasil)

O Banco Central tem um novo obstáculo para baixar a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. Isso porque os Estados Unidos correm o risco de ficarem inadimplentes a partir do dia 1º de junho, caso o teto da dívida americana não seja elevado.

É o que diz Fabio de Andrade, economista e professor de Relações Internacionais e Administração na universidade ESPM.

“Dado o histórico de atuação do Banco Central e o do Fed [banco central americano], mesmo no cenário mais otimista [de não calote], isso vai tornar ainda mais longo o movimento de manutenção da taxa de juros de dois dígitos no Brasil. Se houver uma crise [de calote], há a possibilidade da taxa aumentar”, declara ele ao R7.

O título de dívida do governo dos EUA é considerado o investimento mais seguro do mundo, pelo mercado financeiro. Ele é o principal ativo de bancos em todo o globo. Assim, um calote desses pagamentos teria efeito “catastrófico”, segundo Andrade.

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Atualmente, o limite dos gastos no país é o equivalente a R$ 155,4 trilhões. O patamar já foi atingido. Dessa forma, o congresso americano tem até o dia 1º de junho para definir uma solução. Caso não haja acordo até essa data, a previsão é de atraso nos pagamentos.

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Porém, os três especialistas ouvidos pela reportagem não acreditam que haverá calote. Seria a primeira vez na história. Segundo eles, o teto de gastos dos EUA será elevado ou até cortes de serviços essenciais serão feitos.

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O que o Fabio de Andrade argumenta é que esse cenário faria o Fed aumentar a taxa de juros nos Estados Unidos. Assim, aumentaria a cotação do dólar no Brasil, o que pressionaria a inflação nacional. Dessa forma, a autoridade monetária brasileira precisaria conter esse movimento justamente através da Selic.

Já para outras duas fontes, o impasse nos EUA ainda não deve ter impactos consideráveis no Brasil.

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“Por enquanto o que está acontecendo nos Estados Unidos se deve a um fator mais político do que econômico. Tem um debate entre congresso e presidente sobre essa questão do teto. Mas por enquanto nós não teríamos um impacto imediato sobre a inflação. Por hora, não é possível associar, ainda, a questão fiscal dos Estados Unidos com o cenário inflacionário mundial e o cenário inflacionário brasileiro”, analisa Pedro Vartanian, professor de economia no Mackenzie.

Geovana Pessoa tem visão semelhante. Ela é consultora de Comércio Internacional da BMJ Consultores Associados e mora em Washington, capital americana.

“Nesse momento da crise fiscal nos Estados Unidos, eu acho que é um pouco cedo para prever um impacto na taxa de juros no Brasil, especificamente porque o que a gente vê aqui nos Estados Unidos é que existe uma ambição de que esse [novo] teto de dívidas seja aprovado”.

O limite de gastos existe nos EUA desde 1917 e já foi expandido aproximadamente em 100 ocasiões.

Conflito com o BC

Essa possível pressão inflacionária vinda dos americanos ocorre em meio à guerra declarada pelo presidente Lula ao Banco Central.

Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano. Ela está neste patamar desde agosto do ano passado. Durante o mandato do petista, já foram três decisões seguidas pela manutenção da taxa nesse nível.

Desde que assumiu a presidência, Lula tem criticado a taxa, que ele considera um “absurdo”. Além disso, tem atacado o chefe da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

Em viagem à Inglaterra para a coroação do Rei Charles 3º, o mandatário voltou a falar do assunto. Ele disse que Campos Neto "não tem compromisso com o Brasil", mas sim com o governo anterior, em referência à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, "que o indicou".

Na entrevista, Lula disse que não "bate" no Banco Central como instituição, mas na política de juros, porque "não concorda".

O petista criticou ainda afirmações recentes de Campos Neto, de que, para o país atingir a meta de inflação de 3%, teria que elevar os juros acima de 20%.

"Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Então, se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável", disse.

*Sob supervisão de Ana Vinhas

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