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Índios deixam canteiro de obras da hidrelétrica São Manoel após reunião com Funai

Economia|Do R7

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Um grupo de indígenas que ocupava o canteiro de obras da hidrelétrica São Manoel, entre o Pará e o Mato Grosso, abandonou o local após uma longa reunião com a Fundação Nacional do Índio (Funai) na quarta-feira, disse o órgão do governo em nota enviada à Reuters nesta quinta-feira.

O protesto dos índios Munduruku, iniciado no final de semana, chegou a paralisar a construção da usina, que está na reta final, com previsão de início da operação ainda em outubro deste ano.

Os mais de 200 integrantes da etnia apresentaram no protesto exigências relacionadas ao empreendimento no rio Teles Pires, como a devolução de urnas funerárias consideradas sagradas pelos índios e que teriam desaparecido em meio às obras, além de reivindicações mais amplas, como a demarcação de uma terra indígena no Pará, a Sawré Muybu.


"As reivindicações dos indígenas foram recebidas, discutidas e encaminhadas para as devidas providências necessárias. Eles retornaram para as suas casas e não estão mais ocupando a usina", disse a Funai após questionamento da Reuters.

O presidente da fundação, Franklimberg de Freitas, ficou reunido em negociações com os Munduruku desde a tarde de quarta-feira até a madrugada.


"A principal solicitação dos Munduruku, em relação à retirada das urnas funerárias do local, foi atendida. O empreendedor levou todos os indígenas à Alta Floresta, para que os pajés possam fazer seus rituais, e será definido pelos próprios Munduruku o local onde elas serão devolvidas e enterradas", disse Franklimberg, em nota.

A hidrelétrica São Manoel, orçada em cerca de 3 bilhões de reais, é um investimento conjunto entre a estatal federal Eletrobras, a chinesa China Three Gorges e a EDP Energias do Brasil, do grupo EDP Energias de Portugal.


A usina e outros projetos na região têm enfrentado oposição de indígenas e ambientalistas há tempos, uma vez que os empreendimentos estão na região da chamada corredeira das Sete Quedas do rio Teles Pires, um local sagrado para os índios que foi inundado pelo lago das hidrelétricas.

O índio Valdenir Munduruku, uma das lideranças do movimento que invadiu o canteiro da usina São Manoel, confirmou à Reuters que o grupo deixou o local e está em Alta Floresta para visitar as urnas funerárias reivindicadas.

Ele afirmou, no entanto, que ainda existem pendências em relação às exigências feitas pelos Mundurukus e que o grupo deve seguir negociando com a Funai.

A usina de São Manoel já havia sido alvo de uma ação de protesto dos índios ainda durante os preparativos para a licitação de sua concessão, em 2011. Na época, funcionários da Funai e da EPE chegaram a ser mantidos como reféns por indígenas das etnias Munduruku e Kayabi.

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