Diagnosticado com esquizofrenia paranoide, o aposentado por invalidez R.S.M. teve seu benefício cancelado no mês de junho após ter uma crise e apresentar comportamento hostil durante uma perícia no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Indignado, o aposentado diz acreditar que o ocorrido na perícia tenha motivado o cancelamento “injustificado” do benefício. “Ele [perito] falava que quem mandava era ele e eu respondi para ele fazer o que quisesse”, relata.Veja também: INSS publica regra sobre prova de vida Em nota enviada ao R7, a Previdência confirma o corte da aposentadoria por invalidez de R.S.M. e afirma que após a última perícia “não foi constatada incapacidade laborativa”. “O benefício foi cessado, mas o segurado continua recebendo um percentual desse benefício até o dia 1/12/19”, destaca o comunicado. Laudo médico assinado pela psiquiatra responsável pelo aposentado, Ana Paula Silveira, afirma que ele apresenta "incapacidade ocupacional definitiva secundária ao transtorno psiquiátrico". A psiquiatra relata ainda que, desde o cancelamento do benefício, R.S.M. sofre com o "aumento da atividade alucinatória e comportamento afetivo".Invalidez R.S.M. garante que seu problema psiquiátrico foi desencadeado a partir do trabalho desempenhado como auxiliar de almoxarifado na empresa Epiroc, prestadora de serviços de mineração. “Cheguei a trabalhar 16 horas por dia e perder outras três no trajeto”, ressalta. O aposentado conta que durante a rotina de trabalho chegou um dia em casa e “não aguentou” mais voltar. “Eu fui ao médico e ele me indicou um psiquiatra, porque nem eu sabia o que estava sentindo. Eram sintomas horrorosos”, afirma. Em conversa com o R7, a Epiroc nega a jornada de trabalho citada pelo ex-funcionário. "Todas as mineradoras para as quais a gente presta serviço de manutenção em equipamentos têm um controle de entrada e saída que comprovam que a fala a respeito da jornada de 16 horas é improcedente", diz a companhia. De acordo com a empresa, os controles de permanência dentro das minas são “muito rígidos” para ter o conhecimento do número de pessoas presentes no ambiente em caso de acidente.Leia mais: Número de consignados ultrapassa o de aposentados do INSS Diante do bloqueio da aposentadoria de R.S.M., a Epiroc menciona que continua pagando o salário ao ex-funcionário. “Ele continua com o plano para ele e todos os dependentes custeados 100%, mesmo sem ser uma obrigação da empresa.” A Epiroc afirma ainda que orientou o aposentado a solicitar novamente o benefício até uma decisão final do INSS. “Ele já deu entrada novamente no pedido de aposentadoria, mas o INSS ainda não julgou se ele vai ter direito a manter o benefício”, conta a empresa, que confirma a inaptidão do ex-funcionário para retornar ao mercado de trabalho. Para a psiquiatra Ana Paula, o quadro de R.S.M. teve como “fator desencadeante” o ambiente de trabalho. Ela avalia que o paciente evoluiu com resposta terapêutica, apresentou melhora dos sintomas psicóticos e melhora do convívio familiar, mas garante que ele não tem condição de voltar a trabalhar.