Investimento de empresas automotivas estrangeiras no Brasil somam R$ 95,3 bilhões até 2032
Anúncios mais recentes foram feitos pela Stellantis e Toyota, que vão injetar R$ 30 bilhões e R$ 11 bilhões, respectivamente
Economia|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
As principais empresas estrangeiras do setor automotivo pretendem investir R$ 95,3 bilhões no Brasil. A lista leva nomes como Citroën, Fiat, Jeep, Peugeot, Volkswagen, Renault, General Motors e BYD. Além disso, a Stellantis informou nessa quarta-feira (6) que vai injetar R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030. Na terça (5), a Toyota anunciou a aplicação de R$ 11 bilhões até 2030. Especialistas consultados pelo R7 apontam que as medidas demonstram confiança das companhias internacionais na economia brasileira.
Parte desses recursos começou a ser aplicada em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro. São os casos da francesa Renault, que informou o investimento de R$ 4,5 bilhões até 2028, e da CAOA, com a aplicação de R$ 4,5 bilhões até 2028.
Depois, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, a japonesa Nissan anunciou, em 2023, a aplicação de R$ 2,8 bilhões até 2025. Ainda no ano passado, a chinesa GWM comunicou que iria investir no Brasil R$ 10 bilhões até 2032.
No caso da montadora Stellantis, dona das marcas automobilísticas Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot, o anúncio foi feito depois de reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o diretor-executivo global da empresa, Carlos Tavares. A expectativa da empresa é lançar 40 produtos ao logo do período e investir em tecnologias de descarbonização.
Neste ano, até o momento, foram anunciados:
• Stellantis: R$ 30 bilhões até 2030;
• Toyota: R$ 11 bilhões até 2030;
• General Motors: R$ 7 bilhões até 2028;
• Volkswagen: R$ 16 bilhões até 2028;
• BYD: R$ 3 bilhões até 2030,
• Hyundai: R$ 5,45 bilhões até 2032;
• BMW: R$ 500 milhões; o período de aplicabilidade se encerra neste ano.
No caso da Toyota, o informe, inclusive, foi antecipado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o que rendeu louros ao governo federal. A companhia possui fábrica em Sorocaba, no interior de São Paulo, e pretende lançar veículos com tecnologia híbrida.
"É um investimento importante. A Toyota é a maior montadora do mundo e é campeã na eletrificação. E é campeã também nos híbridos flex. Eu acho que esse é o diferencial brasileiro. Você vai ter carro eletrificado, mas vai ter também o flex. Acho que vai ser um grande sucesso", afirmou o vice-presidente durante a agenda.
Para o economista e advogado Alessandro Azzoni, conselheiro da Associação Comercial de São Paulo, o investimento é significativo e representa confiança por parte das empresas estrangeiras na economia brasileira e em outras áreas.
Demonstra acreditar no potencial econômico do Brasil. Reflete também a confiança das empresas no ambiente de negócios, nas políticas governamentais e nas perspectivas futuras do país para o mundo. Um ponto de ressalva é que o investimento da indústria automobilística é feito com muito estudo e projeções, considerando avaliações de risco, o que torna o Brasil um potencial mercado para atração de investimento industrial.
Produção e exportação
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de automóveis e comerciais leves no país foi de 2.204 mil unidades em 2023, crescendo 1,3% em relação a 2022, "e só não foi maior por causa do encolhimento de 16% das exportações e do aumento de 29% das importações".
O balanço anual das exportações do ano passado trouxe um fato inédito, segundo a associação. O México foi o principal destino das exportações brasileiras (32% do total), posição que, historicamente, a Argentina jamais havia perdido.
Com a queda de todos os outros mercados, entre eles alguns importantes, como Argentina (-16%), Chile (-57%) e Colômbia (-53%), as exportações recuaram 16%, totalizando 403,9 mil unidades em 2023.
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Agora, as projeções para o ano de 2024, na visão da entidade, são:
• 6,1% de crescimento nos emplacamentos (expectativa de 2.450 mil unidades);
• 6,2% na produção (2.470 mil unidades); e
• 0,7% nas exportações (407 mil unidades).
O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, destaca a importância da MP 1.205, que instituiu para o setor o Mover, programa lançado pelo governo que amplia as exigências de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias.
"Trata-se uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neoindustrialização", disse Leite em comunicado divulgado pela entidade.