Moeda americana já valorizou mais de 18% neste ano
Nos três primeiros pregões de agosto, o dólar já apresenta ganhos de 1,52%, embora o real tenha depreciado menos que outras moedas
Economia|Do Estadão Conteúdo

O dólar à vista terminou esta segunda-feira (5) cotado a R$ 5,7414, alta de 0,56%. Nos três primeiros pregões de agosto, a moeda americana já apresenta ganhos de 1,52%, o que leva a valorização no ano a 18,30%.
Embora tenha sofrido menos que seus pares nos últimos dias, o real tem o pior desempenho em 2024 no grupo das divisas mais relevantes.
O economista Francisco Nobre, da XP, ressalta que, diferentemente do observado nos últimos meses, quando o real sofreu em razão de fatores domésticos, desta vez o indutor da alta do dólar é uma “reação exagerada” dos investidores aos sinais de arrefecimento da economia americana, em especial do mercado de trabalho.
Nobre observa que a perspectiva inicial era a de que as moedas emergentes se valorizassem com a possibilidade de corte de juros nos EUA em setembro, como sinalizado pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no último dia 31.
”O câmbio atual está desvalorizado comparado com os fundamentos. E a queda da taxa de juros nos EUA poderia ser um gatilho para valorização. Mas todo o otimismo com moedas emergentes foi revertido com aumento da preocupação com uma recessão nos EUA e na economia global”, afirma o economista da XP.
“Temos vários dados divulgados até a próxima reunião do Fed e podemos ver uma reversão parcial desse movimento, que é exagerado”.
Monitoramento do CME Group mostra que as chances de que o Banco Central americano reduza a taxa básica em 50 pontos-base em setembro seguem superiores a 80%. Permanecem acima de 50% as apostas de que o alívio monetário total neste ano seja de 125 pontos-base.
Para o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, um corte de juros nos EUA em setembro, mesmo que seja de 50 pontos-base, não tende a levar a uma mudança da tendência de depreciação do real no curto prazo.
“Com dados do mercado de trabalho decepcionantes e resultados corporativos abaixo do esperado, cresceram as incertezas em relação ao futuro da economia dos EUA. Caso as incertezas se acentuem, o dólar pode testar a barreira de R$ 6,00″, afirma Galhardo.