Países não quebram, atrasam e vão pagar, diz Mercadante sobre dívidas internacionais
Em entrevista à RECORD, presidente do BNDES explicou que cobranças não são feitas diretamente pelo BNDS, mas pelo governo brasileiro
Economia|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília

Com exclusividade ao JR Entrevista desta quarta-feira (31), o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, falou sobre as dívidas internacionais das quais o banco é credor. “País não quebra, país atrasa, mas eles vão pagar” declarou em conversa com a jornalista Tainá Farfan. Segundo Mercadante, a lista de inadimplentes é pequena. “São poucos países, é basicamente Venezuela, Cuba, Moçambique, tem mais um país na África, são poucos países.”
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Ele explicou ainda que a negociação não é feita diretamente entre o banco e os tesouros internacionais, mas mediada pelo Ministério da Fazenda. “Não é com o banco essa negociação, porque para a gente financiar a exportação dos serviços, a Fazenda dá uma garantia chamada Fundo Garantidor de Exportação. Esse fundo foi criado lá nos anos 1990 pelo [ex-presidente] Fernando Henrique [Cardoso]”, lembrou.
Durante a entrevista, Mercadante ressaltou que o dinheiro emprestado não é retirado do orçamento da União, mas de um fundo financiado pelas exportações do país. “Não é um dinheiro que sai do bolso do contribuinte, não sai do Tesouro, não sai da saúde, da educação. É o próprio setor exportador que gera o fundo e o fundo garante”, argumentou.
O presidente do BNDES exemplificou problemas financeiros enfrentados por nações como Brasil e Argentina, mas ressaltou que elas têm mecanismos para honrar as dívidas.
“O Brasil ficou em moratória anos, nós decretamos uma moratória ali no início dos anos 1980 e fomos sair em 1994, mais de uma década depois. Então, os países têm moratória, eles conseguem pagar dívida. A Argentina está arrebentada, para dar um exemplo aqui próximo do FMI. Nós já tivemos, antes do Lula nós estávamos no FMI, nós entramos com o Brasil no FMI. O Brasil não tinha como pagar nada”, lembrou.
E prosseguiu reforçando que os atuais devedores vão quitar as contas com o BNDES. “Então, esses países vão pagar. País não quebra, país atrasa. Eles vão pagar. A negociação é com a Fazenda. À medida que eles vão se recuperando, eles tendem a voltar [a fazer os pagamentos]. [Eles] têm todo o interesse em voltar e nós também que eles paguem a dívida. Vamos continuar pressionando a Fazenda para a gente acertar o mais rápido possível essas condições”, concluiu.