PEC do estouro vai estimular alta do PIB em 2023, avalia CNI
Projeção feita com base em rombo previsto de R$ 200 bilhões vê proposta determinante para aumento do consumo das famílias, mas cita chance de impulsionar inflação e dívida em relação ao PIB
Economia|Do R7
O rombo de R$ 200 bilhões previsto pela PEC (proposta de emenda à Constituição) apresentada pela equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, vai estimular o crescimento econômico de 2023.
A avaliação, apresentada nesta terça-feira (6) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), leva em conta que as medidas vão resultar em um aumento do consumo das famílias e auxiliar no crescimento de 1,6% projetado para o PIB (Produto Interno Bruto) no ano que vem.
"Aprovada dessa forma, a PEC vai levar a um crescimento real das despesas do governo federal em 10%. Em um primeiro momento, esse aumento de despesa tem um componente de impulsionar o crescimento do PIB em 2023. Isso vai ter algumas outras consequências, mas, no curto prazo, vai estimular o desempenho da economia", afirma Mário Sérgio Telles, gerente-executivo de economia da CNI.
A percepção leva em conta que a PEC foi projetada para garantir o pagamento de um benefício no valor de R$ 600 e o adicional de R$ 150 por criança menor de 6 anos. Além disso, é previsto aumento das despesas com projetos socioambientais e de instituições federais financiadas com recursos próprios.
Telles avalia que a aprovação da proposta apresentada vai influenciar no aumento do consumo. “Nossa expectativa é de que o consumo das famílias continue crescendo em 2023, em um ritmo abaixo do visto em 2022, quando o consumo cresceu 4%, mas ainda sustentado pelo mercado de trabalho e por essas despesas maiores do governo federal”, completa ele.
Risco
Por outro lado, as projeções evidenciam ainda uma reversão do endividamento do setor público, estimado em 76,1% do PIB para este ano. O efeito da PEC será a elevação da dívida pública para 78,8% de tudo aquilo que é produzido no Brasil.
“Com essa situação fiscal, estamos prevendo uma desvalorização cambial, e isso vai se refletir na inflação”, destaca Telles, ao prever o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) na casa de 5,4% no ano que vem.
O economista também explica que a maior demanda vai tornar o setor de serviços o principal vilão da inflação em 2023. Para a CNI, o movimento vai ocasionar a manutenção da taxa básica de juros em um patamar elevado, com queda dos atuais 13,75% ao ano para 11,75% ao ano.