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Prévia em novembro volta a acelerar, e inflação segue fora da meta para 2023

Nos últimos 12 meses, indicador acumula alta de 4,84%, acima do teto de 4,75% estabelecido pelo CMN

Economia|Johnny Negreiros, do R7*

Alimentos e bebidas formam a categoria que mais puxou o índice para cima, com expansão de 0,82% em novembro
Alimentos e bebidas formam a categoria que mais puxou o índice para cima, com expansão de 0,82% em novembro

A prévia da inflação voltou a acelerar em novembro e ficou em 0,33%. Em outubro, havia sido de 0,21%. Os dados são do IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Com a variação, o indicador acumula alta de 4,84% nos últimos 12 meses, patamar que mantém a taxa acima do teto da meta perseguida pelo governo, de 4,75%. No acumulado de janeiro a novembro, a expansão é de 4,3%.

O centro da meta deste ano é de 3,5%, mas há margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (intervalo de 1,75% a 4,75%).

Porém, previsões de agentes do mercado financeiro, segundo o Boletim Focus, do Banco Central, afirmam que a inflação no fim deste ano seja de 4,53%. Se isso se concretizar, o indicador estará dentro do objetivo perseguido.


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Impactos

Para o economista André Roncaglia, se a meta em 2023 não for cumprida, “o impacto sobre a economia e a sociedade brasileira é rigorosamente zero”.

“Não muda absolutamente nada, até porque, se fechar acima do intervalo da meta, não é nenhum problema, porque o regime funciona exatamente de uma forma flexível”, opina ele.

O que mudaria “um pouco”, segundo o especialista, seriam algumas estimativas de gestores financeiros para o aumento de preços dos próximos meses.

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Rachel Sá, chefe de economia da Rico, tem visão semelhante. Ela ressalta que, quando o assunto é política monetária, "a gente olha muito mais para a frente".

"Mais do que olhar para o resultado que vai vir acima da meta deste ano é comparar ao que a gente teve aí nos últimos dois anos. É olhar o processo de desinflação que aconteceu nos últimos dois anos. Eu acho que isso é mais importante do que o debate se a inflação vai terminar 2023 dentro da meta ou não", afirma Rachel.

Já para Cláudia Moreno, economista do C6, o Banco Central pode perder credibilidade com mais um estouro da meta.

"As pessoas, os agentes econômicos, ou quem projeta a inflação, e sempre a inflação fica acima da prometida, começam a se perguntar se de fato o Banco Central vai continuar tentando levar a inflação para a meta. Quando você tem esse aumento da expectativa de inflação, fica mais difícil trazer o índice de volta para a meta. Então, isso atrapalha o trabalho do Banco Central", afirma ela.

Entenda a meta

A meta de inflação é determinada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Atualmente, ele é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Na visão de muitos economistas, não pode haver alta de preços, porque diminui o poder de compra da população. É visível esse processo quando o consumidor vai ao supermercado e depara com alimentos mais caros, por exemplo. Porém, um IPCA baixo seria igualmente ruim, já que significaria desaceleração do consumo e da economia.

Por causa disso, diversos países determinam uma meta de inflação, que não pode ser nem muito alta nem muito baixa.

O Copom (Comitê de Política Monetária), do BC, tem nas mãos o principal instrumento de controle da inflação, a Selic.

Por influenciar todas as taxas de juros do país, como a do rotativo do cartão de crédito e a do cheque especial, ela tem um peso no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Em um cenário de inflação alta, o Copom pode elevar a Selic para desestimular o consumo. A medida pode aumentar os juros do cartão de crédito, de empréstimos e de cheques. A estratégia busca levar o consumidor a adiar uma compra e, assim, controlar a inflação.

Uma situação prática: quem for ao banco simular um empréstimo para comprar um carro poderá ver o plano falhar se a Selic subir no mês seguinte. Isso porque o aumento da taxa fará com que as prestações fiquem mais altas do que aquilo que foi originalmente simulado, o que pode forçar o consumidor a repensar o empréstimo e a compra.

No cenário oposto, de Selic mais baixa, a intenção do Copom é estabelecer uma política monetária para estimular o consumo e a economia ao reduzir os juros ao consumidor. Na teoria, o crédito fica mais acessível, e o brasileiro volta a comprar.

Para saber mais sobre a Selic e o Copom, clique aqui.

* Sob supervisão de Alexandre Garcia

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