O reajuste salarial mediano do trabalhador brasileiro caiu em 2020 e fechou o ano em 3,5%, segundo boletim divulgado nesta sexta-feira (22) pelo Salariômetro, estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que analisa as relações no mercado de trabalho. O percentual é inferior aos 4% registrados em 2019 e indica que, no ano marcado pela pandemia de covid-19, o trabalhador não teve ganho real, ou seja, acima da inflação. Trabalhadores têm aumento real apenas em 10% das negociações O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), medido pelo IBGE, por exemplo, fechou o ano em 4,52%. O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), focado em preços para quem ganha até 5 salários mínimos, registrou um salto de 5,45%. Os baixos reajustes refletem o que foi o ano de 2020. Fevereiro foi o último mês em que os reajustes tiveram ganho real - ainda assim, de apenas 0,1 ponto percentual, segundo o Salariômetro. Em vários meses seguintes, o nível de reajustes concedidos empatou com a inflação acumulada em 12 meses. Em dezembro, porém, a alta expressiva do INPC fez com que a mediana dos reajustes ficasse em 0,9% ponto percentual abaixo da inflação. Outro reflexo do mercado de trabalho desfavorável para obter ganhos salarial foi o número de negociações de reajuste. Elas caíram de 24.520 em 2019 para 17.811 em 2020, uma redução de 27,4%, de acordo com o Salariômetro. O mercado de trabalho apresentou piora desses e de outros índices em razão da crise trazida pela pandemia de covid-19. O governo precisou lançar um programa para manutenção de empregos e realizou acordos permitindo redução de salários e suspensão de contratos. Ainda assim, o desemprego alcançou 14 milhões de brasileiros no fim de 2020. Já o número de trabalhadores informais subiu a 29,2 milhões em novembro, um aumento de 0,6% em relação a outubro, segundo a Pnad Covid-19 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mensal, divulgada pelo IBGE. O resultado equivale a 34,5% do total de ocupados.