Standard & Poor's mantém nota do Brasil, mas com perspectiva negativa
Economia|Do R7
Rio de Janeiro, 28 jul (EFE).- A agência internacional de classificação de risco Standard & Poor's manteve nesta terça-feira a nota da dívida brasileira de longo prazo em moeda estrangeira em em "BBB-", mas modificou a perspectiva de "estável" para "negativa", o que sugere um futuro rebaixamento. A decisão da agência manteve a qualificação de "grau de investimento", para os países considerados seguros para os investidores, embora com a ameaça de perder esse voto de confiança na próxima revisão. No comunicado, a Standard & Poor's advertiu que o Brasil enfrenta grandes desafios políticos e econômicos apesar do ajuste fiscal anunciado pela presidente Dilma Rousseff em janeiro, no início de seu segundo mandato, que representou "uma correção significativa". Os investidores temem que algumas das grandes agências qualificadoras de risco retirem o Brasil da lista de países com "grau de investimento" após o anúncio de redução da meta de superávit fiscal deste ano de 1,1% do PIB para 0,15%. A qualificadora Fitch já advertiu que pretende revisar a nota da dívida brasileira após esse anúncio, e a Moody's, que também classifica o Brasil no nível mais baixo dos países com "grau de investimento", ainda não se pronunciou. A Standard & Poor's decidiu manter a nota da dívida brasileira não só apesar da redução da meta fiscal, mas por considerar cada vez maior o peso negativo no cenário econômico e fiscal das investigações de corrupção que envolvem a Petrobras e que atingiram vários políticos e empresas. Mas ao revisar a perspectiva da nota brasileira para "negativa", a agência admitiu que há uma elevada possibilidade de rebaixamento da qualificação, não só pela situação política e fiscal, mas também pela possibilidade de a economia demorar a recuperar a trajetória de crescimento. A economia brasileira apenas cresceu 0,1% ano passado e as últimas projeções dos economistas para este ano preveem contração de 1,76%, o pior resultado do país desde 1990. O próprio governo admite uma redução do crescimento de 1,49%. "Desde 23 de março, quando reafirmamos a qualificação pela última vez, achamos que os riscos de piora no Brasil cresceram", justificou a S&P. A agência acrescentou: "revisamos a perspectiva para negativa porque, apesar das amplas mudanças a caminho, que continuamos achando que têm o apoio da presidente, há riscos crescentes para sua execução". De acordo com a entidade, os riscos de o ajuste fiscal anunciado pelo governo não poder ser executado têm tanto razões econômicas como políticas. Nesse sentido, destacou a contração da economia e o aumento da inflação, acompanhados da crise do Executivo pelo escândalo de corrupção e a dificuldade de convencer o Congresso a apoiar as medidas de austeridade. "O número de investigações de corrupção envolvendo certos políticos e empresas está pesando crescentemente sobre as perspectivas fiscais e econômicas do Brasil, e pondo em risco a implementação efetiva das medidas (de ajuste), particularmente no Congresso", segundo a agência. Tais dificuldades obrigaram o governo a anunciar na semana passada a redução da meta de superávit fiscal e a anunciar um novo corte nos gastos públicos para deixar claro seu compromisso com a disciplina fiscal. O governo teve que revisar a meta após concluir que a receita líquida pública deste ano será muito inferior à inicialmente prevista. EFE cm/cd