Analfabetismo recua, mas 11,3 milhões ainda não sabem ler
Dados divulgados pela Pesquisa por Amostragem do IBGE traçam um retrato da educação no país em 2018
Educação|Karla Dunder, do R7
Mais de 11, 3 milhões de brasileiros não sabem ler, nem escrever. Segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), organizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) com base em dados de 2018, esse é o número de analfabetos no país, o que representa 6,8% da população. A pesquisa foi divulgada pelo Instituto nesta quarta-feira (19).
Em relação a 2017, houve uma queda de 0.1 ponto percentual, o que corresponde a uma redução de 121 mil analfabetos. “É preciso fechar a torneira do analfabetismo, principalmente entre crianças e jovens, que saem da escola sem compreender o que estão lendo ou sem saber fazer uma conta simples aos 8 anos”, avalia Thaiane Pereira coordenadora de projetos do Todos pela Educação. “Esse tipo de falha tem um impacto em toda a aprendizagem, é preciso corrigir esse problema e fundamental que 100% das crianças saiam da escola alfabetizadas”.
De acordo com a pesquisa, quanto mais velho o grupo analisado, maior o número de pessoas que não sabem ler, nem escrever. Em 2018, eram quase 6 milhões de analfabetos com 60 anos ou mais, o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 18,6% para esse grupo etário. Já em 2017, a taxa foi de 19,2%, com 5,8 milhões de analfabetos.
“Para reverter esse quadro, é importante que haja uma política de alfabetização ampla, para os que estão na escola é preciso investir em reforço e recuperação e para aqueles que já saíram, programas específicos como o EJA, porque o impacto na vida das pessoas é muito grande, uma pessoa que não saber ler tem dificuldade de ver um rótulo, por exemplo, é uma realidade muito triste”.
Entre pessoas mais novas, há uma queda do número de analfabetos: 11,5% entre as pessoas com 40 anos ou mais, 7,2% entre aquelas com 25 anos ou mais e 6,8% entre a população de 15 anos ou mais. Esses resultados indicam que as gerações mais novas estão tendo um maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda enquanto crianças.
“Esse é um dado a ser comemorado, a escolaridade tem aumentado e as pessoas têm estudado mais”, observa Thaiane. “Da creche ao ensino fundamental, houve um aumento da taxa de matrícula”. O destaque ficou para o Sudeste, com quase 97% das crianças na idade adequada e com um aumento de 1,2 ponto percentual frente a 2017.
O ensino médio apresentou uma melhora tímida com relação aos anos anteriores, mas ainda é preocupante”.
No Brasil, a proporção de pessoas de 25 anos ou mais de idade que concluíram, no mínimo, o ensino médio, manteve uma trajetória de crescimento e alcançou 47,4%, em 2018. Outro dado positivo é o número de pessoas com o ensino superior completo que passou de 15,7% em 2017 para 16,5% em 2018.
“Mais tempo na escola, um tempo de qualidade, é fundamental para resolver todos os problemas apontados pela Pnad”.