Brasileiros levam ouro em olimpíada internacional de matemática
Olavo Paschoal e Marcelo Machado participaram da competição em Oslo, na Noruega; Jan Bojan participa de prova de astronomia na Geórgia
Educação|Alex Gonçalves, do R7*
Recém-chegados ao Brasil, o paulistano Olavo Paschoal Longo e o mineiro Marcelo Machado conquistaram, cada um, uma medalha de ouro na edição 2022 da IMO (Olimpíada Internacional de Matemática), em Oslo, na Noruega. Os estudantes que representaram o país foram selecionados entre os vencedores da 43ª OBM (Olimpíada Brasileira de Matemática).
Os medalhistas desembarcaram em solo brasileiro no último domingo (17). “Foi um processo longo para se chegar até aqui”, conta Olavo. "Passamos por vários campeonatos e seletivas nacionais."
Na IMO, os jovens enfrentam uma prova com duração de 4h30, realizada em dois dias consecutivos.
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“Eu já participei de muitas olimpíadas, me saí mal em algumas dessas provas assim como conquistei medalhas de ouro e prata. O importante é colocar a parte psicológica de lado e focar apenas na prova, assim, não sinto pressão e consigo manter a concentração para resolver os problemas pedidos nas questões”, diz.
Segundo Olavo, o despertar pela matemática surgiu ainda no 8º ano do ensino fundamental. “Naquela época eu me sentia desafiado pela escola, sabia que poderia fazer algo além daquilo que a instituição oferecia. Então comecei a estudar conteúdos de disciplinas que não eram compatíveis com a minha idade. Foi quando me deparei com alguns problemas matemáticos, me senti desafiado, pois aquilo me tirava da zona de conforto”, relata.
Para Olavo, participar da olimpíada internacional foi a realização de um sonho. “Fiquei muito feliz, emocionado e chorei muito. O ouro na IMO é um sonho que todo jovem que participa de olimpíada deseja conquistar. E, hoje, tornei o sonho em realidade”, comemora.
Marcelo deixou Belo Horizonte para estudar em São Paulo. Além da medalha de ouro na IMO 2022, o mineiro conquistou a prata na edição de 2021 e possui medalha de ouro (2021) na Olimpíada Ibero-Americana de Matemática; prata (2021) no Romanian Master of Mathematics e na Olimpíada de Matemática do Cone Sul (2019); bronze (2020) na Olimpíada de Matemática do Pacífico Asiático; ouro (2021), prata (2022) e bronze (2019) na Olimpíada Brasileira de Matemática.
Para Marcelo, o ouro é resultado de muito esforço e dedicação. “Conseguir essa medalha foi incrível, ainda está difícil de acreditar”, diz, emocionado. Para se prepararem para as competições, os jovens contaram com aulas semanais com duração de três horas e mentorias com ex-alunos que direcionavam os estudos conforme as necessidades de cada um. Eles também buscaram, por conta própria, fontes para estudar em casa. “Uma dica para os estudantes que desejam ingressar em olimpíadas é estudar o material disponibilizado na internet, pelos fóruns nos sites oficiais dos campeonatos”, aconselha Marcelo.
A dupla encerrou a participação nas olimpíadas com "chave de ouro", já que ambos estão no primeiro ano de faculdade. Olavo cursa engenharia de produção na Poli-USP, e Marcelo, ciências da computação no Instituto de Matemática e Estatística-USP — ambos representaram o Colégio Etapa (SP) na IMO 2022.
De acordo com o regulamento da organização internacional, a IMO permite que estudantes participem da olimpíada até um ano depois de se formarem no ensino médio, por conta da diferença de calendário escolar entre os continentes.
Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica
Jan Bojan Ratier, 17, é aluno do 3º ano do ensino médio no Colégio Bom Jesus, em Curitiba (PR). O jovem é um dos cinco brasileiros classificados para a IOAA (International Olympiad on Astronomy and Astrophysics), que será realizada no mês de agosto, na Geórgia, no Leste Europeu.
A convocação do estudante está relacionada com o primeiro lugar obtido por ele na seletiva da OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica). “Parece sonho, uma mistura de sentimentos e sensações. Para chegar até aqui, passei por um período de muita dedicação e resiliência e contei com o apoio dos meus familiares e amigos”, relata.
Essa não é a primeira vez que o estudante participa de seletivas para campeonatos internacionais. Em 2021, ele também tentou, mas não havia chegado tão longe na classificação. “É um momento mágico."
Mesmo com a experiência em olimpíadas como a OBA e a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), em que conquistou medalhas e menções honrosas, Jan considerou as seletivas de 2022 da IOAA uma das mais desafiadoras. "Foi um processo bem longo. As provas não são fáceis. A gente aprende muito nos treinamentos e seletivas. Acredito que a experiência de vida adquirida é muito grande”, completa.
O interesse por astronomia e física surgiu quando ele cursava o 5º ano do ensino fundamental. "A minha mãe é professora aposentada e ela me trouxe um livro chamado Isaac Newton e sua Maçã”, recorda. “O livro conta a história do cientista, e eu fiquei encantado com a forma lúdica pela qual a obra trazia os conteúdos de astronomia e física”, diz. Nessa época, com apenas 10 anos, o menino já dizia que as disciplinas preferidas dele eram física e matemática.
Além do estudante, outros quatro jovens, das cidades de Brusque (SC), Belo Horizonte (MG), Fortaleza (CE) e São Paulo (SP), foram convocados a representar o Brasil na competição internacional. A primeira edição da IOAA ocorreu em 2007, na Tailândia, e a mais recente foi organizada pela Colômbia, em novembro de 2021. Participam equipes, representando seus respectivos países, formadas por até cinco alunos e dois professores.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Karla Dunder