Colégios brasileiros ajudam alunos que querem entrar em universidades top dos EUA
Curso de graduação na Ivy League custa entre US$ 50 mil e US$ 65 mil por ano
Educação|Maria Carolina de Ré, do R7
Quem nunca assistiu a um filme, seriado ou vídeo com personagens que fazem de tudo para conseguir uma vaga numa universidade de ponta como Harvard, Yale ou Princeton? Ou mesmo histórias de jovens que vivem grandes aventuras nas fraternidades norte-americanas. Há algum tempo, essas experiências deixaram as telas para se tornarem realidade na vida de muitos estudantes do País, que buscam instituições tradicionais dos EUA para fazer um curso de graduação.
Percebendo o interesse crescente pelas faculdades americanas, colégios particulares estão investindo em programas extracurriculares voltados para a preparação dos seus alunos. Muitos deles concentram esforços para ajudar os interessados na Ivy League (em português, Liga de Hera), um grupo formado pelas universidades mundialmente consagradas de Brown, Columbia, Cornell, Dartmouth College, Harvard, Pensilvânia, Princeton e Yale.
Marta Bidoli Fernandes, supervisora da Alumnii - Education USA, organização mantida pelo governo dos Estados Unidos para promover o sistema de educação daquele país, enumera algumas escolas que criaram esse tipo de programa.
— O Bandeirantes, Etapa, Porto Seguro e Mobile então entre as escolas brasileiras que se destacam no preparo de alunos interessados em fazer faculdade nos EUA. Eles mantêm programas próprios de preparo e já tiveram alunos admitidos nas universidades norte-americanas de ponta. O Chapel, Graded e o Internacional de Alphaville também oferecem auxílio.
Para que universidades vão os bilionários?
Preparação
O Colégio Porto Seguro criou o programa “Porto no mundo: orientação para universidades estrangeiras”, que tem promovido uma série de palestras, bate-papo com ex-alunos e feiras para ajudar seus alunos a entenderem os desafios de fazer faculdade no exterior.
A instituição mantém um orientador em cada unidade (Morumbi, Panamby e Valinhos) para auxiliar os alunos durante os processos seletivos.
Sabrina Steyer, orientadora educacional do Porto Seguro, explica que esse trabalho é gratuito para os estudantes do colégio e que eles também facilitam a preparação de toda a documentação.
— Em 2014, montamos uma estrutura com profissionais que fazem o acompanhamento individualizado do aluno durante o processo de aplicação (application, em inglês). Ajudamos no envio da documentação e damos suporte para aqueles que precisam tomar uma decisão porque foram aprovados em mais de uma instituição de ensino.
O processo de aplicação é a forma de seleção adotada pelas universidades dos EUA. Diferente do vestibular brasileiro, onde geralmente o aluno faz uma prova para ser admitido, ele é composto por uma prova, pela análise das notas escolares do candidato, das suas atividades extracurriculares, de possíveis prêmios, por um texto de apresentação e cartas de recomendação dos professores.
Marta, da Alumnii, comenta que na Ivy League, além de ter inglês avançado, bons resultados em provas, excelentes notas na escola, uma história de vida interessante e uma paixão, os candidatos aprovados geralmente estão envolvidos em atividades extracurriculares que demonstram interesses acadêmicos, liderança e espírito empreendedor.
O Colégio Internacional de Alphaville desenvolve um programa parecido com o do Porto Seguro. Glaucia Franco, coordenadora pedagógica da instituição, conta que o Alphaville realiza outras atividades como a promoção de viagens internacionais com seus alunos e uma parceria com a consultoria Daqui para Fora.
— Nosso foco não é ajudar apenas os interessados nas universidades da Ivy League, mas todos aqueles que pretendem entrar numa faculdade do exterior. Durante o tour que fizemos com alunos em 2013 para apresentar as universidades americanas passamos por Columbia e Yale, que fazem parte desse grupo e nos impressionaram muito. Temos dez alunos se preparando para estudar fora, um deles está muito interessado em Columbia.
Confira vídeo de lançamento do Coursera, uma plataforma online que oferece centenas de cursos, muitos deles ministrados nas universidades da Ivy League.
Consultoria
Renata Moraes, gerente de educação da Fundação Estudar, criada por Jorge Paulo Lemann com um grupo de empresários brasileiros há 23 anos, conta que o investimento médio para fazer um curso de graduação numa das oito instituições da Ivy League varia entre US$ 50 mil e US$ 65 mil por ano.
Ela também comenta que a maior parte dos brasileiros busca bolsas de estudo parciais, de 20% a 25%.
A fundação mantém um site chamado Estudar Fora, que traz informações para quem se interessa em estudar no exterior. Ela também realiza atividades de consultoria que são pagas. Nesse caso, o trabalho consiste em ajudar os estudantes interessados nos processos seletivos de instituições de ensino estrangeiras a conseguir uma vaga.
Brasileiros nos EUA
Os últimos dados do IIE (Instituto de Educação Internacional), coletados entre 2012 e 2013, mostram que o Brasil está em 11º lugar dentre os 25 países com maior número de estudantes nos Estados Unidos. No período, 10,868 alunos brasileiros estavam estudando em instituições de ensino desse país.
Segundo Glaucia, do colégio Alphaville, o interesse dos brasileiros pelas universidades norte-americanas acontece porque elas estão entre as melhores do mundo, lideram rankings internacionais de qualidade e também porque seu sistema de ensino é diferenciado.
— O aluno escolhe a área de formação específica depois de fazer um período básico e, por isso, tem mais tempo para amadurecer.
Marta, da Alumnii, comenta que a instituição registrou aumentos consecutivos de alunos procurando informação e acompanhamento do processo de admissão nos EUA.
— Em 2014, já ultrapassamos a marca de 150, e temos um número 20% maior de alunos do que o total de 2013. Também temos tido mais convites para ir a escolas e conversar com alunos e equipes pedagógicas sobre o processo de admissão e o papel que a escola tem nele. Em 2014, fizemos mais de 20 visitas a escolas. Oferecemos gratuitamente palestras e realizamos atividades de capacitação.
Falando sobre o aumento do interesse dos brasileiros em cursos no exterior, Renata, da Fundação Estudar, conclui que parte da classe média alta do País tem mostrado descontentamento com as melhores instituições de ensino do Brasil, que, geralmente são públicas e, nos últimos anos, têm perdido a credibilidade graças ao aumento das greves. Em 2014, a consultoria está preparando cerca de 200 alunos que pretendem estudar fora do País.