"É preciso investir na qualidade do ensino remoto", diz especialista
Após a adoção das atividades online, escolas devem focar em aulas mais dinâmicas e interativas para melhorar o processo de aprendizagem
Educação|Karla Dunder, do R7
O isolamento social para combater a pandemia do novo coroanvírus fez com que as escolas de todo o país tivessem de adotar do dia para a noite o ensino remoto. Para o próximo semestre, especialistas apontam a necessidade das instituições de melhorar a qualidade do ensino online oferecido aos alunos, uma vez que as aulas remotas devem continuar mesmo com retorno presencial.
Até a pandemia, o uso da tecnologia em sala de aula era visto como um tabu para muitos professores e utilizado de maneira secundária. "A mudança para as aulas online ocorreu de maneira muito rápida, sem planejamento, as aulas ocorrem ao vivo, o ensino tradicional foi levado para o online", explica Sara Hughes, co-fundadora e CEO da Scaffold Education.
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Para Sara, apesar do uso das tecnologias ter ocorrido com atraso no Brasil é possível que nos próximos meses seja possível evoluir no modo como as plataformas são utilizadas na rotina escolar. "As barreiras com a tecnologia foram rompidas e a escola não será mais como era antes, a tendência é de que haverá uso mais amplo da tecnologia e com o aluno como um agente ativo do processo de aprendizagem."
"A migração não planejada faz com que os alunos fiquem 4 horas em frente a um computador, o que é muito cansativo e dificilmente os alunos conseguem prestar atenção", avalia Igor Pelúcio, CEO da Desenrolado.
Para Pelúcio escolas devem mudar a maneira como as atividades são ministradas. "As aulas devem ser mais dinâmicas, com atividades práticas e interativas, estamos diante de um desafio não só de uso das ferramentas, mas também de método e professores precisam ser treinados para essa nova realidade."
A expectativa dos especialistas é que o ensino híbrido, aulas online e presenciais, seja uma tendência nos próximos meses. "É nas dificuldades que achamos as soluções, o ano letivo não terminou, temos muito o que fazer ainda apesar das dificuldades e um ponto positivo nisso tudo é que todos estão preocupados com a educação neste momento", conclui Sara.
Desigualdade
A pandemia também colocou em evidência as desigualdades na educação brasileira. De um lado, estudantes com seu computador e de outro crianças sem acesso à internet.
"Com o isolamento, as desigualdades ficaram mais vísiveis", observa Rafael Sanchez, COO da Scaffold Education. "É preciso investimento para abrir o caminho e melhorar o acesso à internet."
Na visão de Pelúcio, a "tecnologia bem empregada é capaz de diminuir as diferenças entre os estudantes do país, mas é preciso que haja uma política pública e coordenação para isso."