Estudantes de escola pública contam como é estudar na USP
Jovens descrevem a emoção de ingressar em uma das mais importantes universidades do país
Educação|Karla Dunder, do R7
Livia e Breno não se conhecem, mas têm muitas coisas em comum: eles vieram da periferia, estudaram em escola pública, foram aprovados em cursos disputados na USP (Universidade de São Paulo) e são os primeiros da família a entrarem em uma universidade pública. Eles também fazem parte da história da USP, que pela primeira vez aprovou mais estudantes de escolas públicas do que das particulares.
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"Quando vi meu nome na lista de aprovados, chorei de alegria, fiz o vestibular muito descrente e a aprovação foi um verdadeiro impacto não só para mim, mas para toda a minha família", conta Breno Martins Braga, estudante do curso de engenharia mecatrônica na Poli (Escola Politécnica da USP) e o primeiro da casa a ser aprovado em uma universidade pública.
Morador da Vila Menck, em Osasco, Breno é filho de um motorista e de uma costureira. "Sempre estudei em escola pública, passei na Etec Basilides de Godoy (Escola Técnica de São Paulo) estudando sozinho e no vestibular contei com o apoio de ex-colegas que deram dicas de estudo."
No ensino fundamental, Breno foi estimulado pela a escola a definir um projeto de vida. Ele escolheu estudar e trabalhar com robótica. "Decidi fazer o curso técnico para conhecer mais sobre a área e saber se realmente era isso que eu queria para a minha vida", diz. "As matérias técnicas da escola têm me ajudado na graduação e no futuro pretendo trabalhar em desenvolver tecnologia para a medicina."
A ex-aluna da Etec Irmã Agostina, Lívia Pinaso, realizou o sonho de estudar medicina e foi aprovada em nono lugar na USP de Ribeirão Preto.
O interesse de Lívia pela medicina surgiu quando a mãe foi diagnosticada com câncer de mama. "Eu acompanhei todo o tratamento da minha mãe e via a dedicação dos médicos".
Durante o ensino médio, Lívia também trabalhou como voluntária em uma maternidade em Interlagos, zona sul da capital paulista. "No grupo de voluntárias, ajudávamos as mães, principalmente aquelas em situação de vulnerabilidade, com orientações e até com doação de roupas para os bebês."
Atualmente, a jovem de 19 anos se divide entre as aulas práticas presenciais na universidade e o ensino remoto das matérias teóricas. "Temos contato direto com os professores, que estimulam o debate e a construção do conhecimento pelo próprio aluno".
"A USP Ribeirão é um centro de difusão de ciências médicas, há um estímulo à pesquisa", avalia. Para estudar, Lívia com o auxílio moradia e auxílio alimentação fornecidos pela universidade.