Enem 2023: estudantes que tiraram nota mil na redação do ano passado dão dicas para domingo
Texto deve seguir normas da língua culta, estrutura de dissertação e ainda apresentar uma possível solução para o problema
Educação|Agência Brasil
Um texto dissertativo-argumentativo de até 30 linhas sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Essa é a redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá ser feita no próximo domingo, dia 5, pelos 3,9 milhões de inscritos neste ano.
Gabaritar a redação não é tarefa simples, mas também não é impossível. É preciso seguir à risca o que é exigido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
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Ana Alice Azevedo, de Niterói, no Rio de Janeiro, e Luiz Santos, de Manaus, no Amazonas, obtiveram a tão sonhada nota mil no Enem de 2022. Eles contam como se prepararam para a prova e qual foi o diferencial dos textos que escreveram.
"Saí da prova sabendo que tinha feito um bom trabalho. Eu estava bem feliz com o texto que tinha feito, estava esperando um bom resultado, mas não estava esperando a nota mil. Realmente foi algo bem surpreendente", diz Santos, que é aluno de engenharia da computação na Universidade de São Paulo (USP).
A redação do estudante, que cursou o ensino médio na escola IDAAM, em Manaus, está na Cartilha do Participante disponibilizada pelo Inep para quem vai fazer o Enem 2023, com orientações específicas para a prova de redação.
O tema foi "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil". Dos 2,3 milhões que fizeram a prova, apenas 32 tiraram a nota mil.
Para falar sobre o tema, Santos citou a Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU), a Constituição Federal de 1988 e ainda a série Aruanas — que aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos na Amazônia.
Como solução para o problema, ele propôs que o governo federal promova o enrijecimento de punições e o fortalecimento da fiscalização das práticas ilegais nos ecossistemas. Além de garantir a continuidade dos conhecimentos socioculturais, com o incentivo à demarcação dos territórios, e de atualizar a legislação vigente.
Segundo Santos, conhecer e seguir as regras do exame foi um dos fatores que fizeram com que ele tirasse uma boa nota. “Acredito que meu texto tenha seguido todos os requisitos que o Inep cobra para a redação atingir a nota mil. Ter no mínimo duas propostas de intervenção, bem colocadas, bem desenvolvidas, explicando como vai fazer, quem vai fazer, por meio do que e com qual objetivo. Dois parágrafos de desenvolvimento, com repertório sociocultural, bem escritos e com introdução sucinta. Acredito que esse conjunto de coisas foi o diferencial da redação”, disse o estudante.
Uma redação por semana
Para a estudante Ana Alice Azevedo, ex-aluna do PB Cursos, em Niterói, o diferencial para um bom desempenho foi a prática constante. Ela escrevia uma redação por semana para se preparar para a prova. “Como eu fazia muita redação, já sabia na hora como fazer. O tema não foi uma surpresa muito grande, já tinha feito uma redação com tema parecido, sabia como prosseguir”, diz. Foram três anos de cursinho até que conseguiu a aprovação que queria, no curso de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Outro diferencial para a redação é o domínio da língua portuguesa. De acordo com a estudante, a prática constante também ajuda nesse quesito. Além disso, ela investiu em leituras e buscas por referências, tanto na literatura quanto no cinema e na legislação.
"A prática regular ajuda a ter a estrutura e as regras que a redação exige consolidadas. Além disso, a bagagem cultural, o repertório para usar no texto, acaba diferenciando a redação. Tem que ler muitos livros e estar atualizado sobre as notícias."
Orientações do Inep
A Cartilha do Participante traz mais detalhes de como deve ser a estrutura da redação, além dos exemplos comentados de textos que obtiveram a nota máxima.
“Com base na situação-problema, você deverá expressar sua opinião. Para isso, inicie o texto apresentando seu ponto de vista, desenvolva justificativas para comprovar esse ponto de vista e elabore uma conclusão que dê um fechamento à discussão proposta no texto, compondo o processo argumentativo”, explica.
Outra orientação do Inep é ler atentamente o que a prova está pedindo. “Para alcançar bom desempenho, você deve, antes de escrever seu texto, fazer uma leitura cuidadosa da proposta apresentada, dos textos motivadores e das instruções, a fim de compreender perfeitamente o que está sendo solicitado”, diz a cartilha.
A prova de redação do Enem conta com textos que contextualizam o assunto sobre o qual é necessário escrever. Eles, no entanto, devem apenas servir de apoio. Caso o participante copie esses textos, ele poderá zerar a redação.
Segundo o Inep, o texto deve estar estruturado da seguinte forma:
• Apresentação clara do ponto de vista e seleção dos argumentos que o sustentam;
• Encadeamento das ideias, de modo com que cada parágrafo apresente informações coerentes com o que foi apresentado anteriormente, sem repetições desnecessárias nem saltos temáticos;
• Desenvolvimento dessas ideias por meio da explicação ou da exemplificação de informações, fatos e opiniões, de modo a justificar, para o leitor, o ponto de vista escolhido.
Ao final, o estudante deve apresentar uma proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. O Inep propõe que as seguintes questões sejam respondidas:
1. O que é possível apresentar como solução para o problema?
2. Quem deve executá-la?
3. Como viabilizar essa solução?
4. Qual efeito ela pode alcançar?
5. Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?
Enem 2023
O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia, além da redação, os participantes responderão a questões objetivas de linguagens e de ciências humanas. No segundo dia de prova, resolverão questões objetivas de matemática e de ciências da natureza.
As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior, pelo ProUni (Programa Universidade para Todos) e a financiamentos do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), além de serem um meio de estudar em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep.