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Ser aprovado para o curso de medicina é o sonho de muitos jovens estudantes no país. No entanto, essa não é uma tarefa simples. O R7 ouviu um estudante aprovado na Federal de Pernambuco que dá dicas para organizar a rotina de estudos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e professores de cursinho, a fim de garantir uma vaga no curso mais disputado do país e começar a estudar em 2023. Confira:
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Rafael Vilaça, 35 anos, é formado em engenharia mecânica pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e atualmente cursa medicina na UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Ele também dá aulas de física no Descomplica. O primeiro conselho do aluno/professor para quem escolheu cursar medicina é entender que a aprovação no curso se dá por meio de um processo. "É óbvio que todo estudante quer passar logo, mas, de verdade, se cobre pela sua evolução e não a aprovação. Tirar esse peso das costas vai fazer com que o desempenho seja melhor no exame", diz
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Outra dica dada por ele: o estudante deve dedicar tempo estudando matemática até obter 30 acertos por prova (do total de 45 questões). "Matemática tem um peso enorme para medicina. Primeiro, porque ela acaba sendo a base para a parte quantitativa de Física e Química. Segundo, pelo fato de que 30 acertos, por exemplo, representam uma nota muito maior do que os mesmos 30 acertos em qualquer outra prova", explica
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Para Rafael, investir em leitura também é importante, em especial de temas e repertórios socioculturais que juntem ciências humanas e artes. "É inegável que quanto mais treinar a leitura, mais se consegue fazer as provas em menor tempo, além de colecionar conteúdos e repertórios socioculturais", conta. Outro ponto mencionado por ele é o descanso. "Tenha um planejamento de estudos, mas tenha momentos de pausa e lazer definidos para uma boa saúde física e mental", avalia
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Anderson Rodrigues, diretor pedagógico do Curso Pré-vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP), explica que a cada ano que passa o curso de medicina apresenta maior concorrência e a nota de corte é sempre a mais alta entre todos os cursos de ensino superior. Ele destaca que o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) é um dos meios mais procurados pelos estudantes para o ingresso no curso de medicina e adverte que a tarefa não é nada fácil. "Em média, para candidatos de ampla concorrência, são necessários por volta de 800 pontos para ter possibilidade de concorrer a uma vaga no curso nas principais universidades federais do país", diz
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Na edição 2022 do Sisu, a maior e a menor nota de corte para candidatos de ampla concorrência para medicina foi 919,70 e 773,83. Para quem tem cota de escola pública, a nota mais baixa foi em torno de 752,44. Para ajudar os estudantes, o professor chama atenção para o peso das áreas de conhecimento; lembra que chute não é uma boa opção e sugere treinar com as provas de edições anteriores. Entenda:
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- Conheça os pesos e as notas mínimas de cada área do conhecimento (redação; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias) das universidades em que pretende estudar. "Todas as universidades federais que oferecem curso de medicina pelo Sisu têm um termo de adesão. Nele, o candidato encontrará os pesos por cada área do conhecimento, bem como se há ou não exigência de nota mínima", esclarece Rodrigues. "Na USP (Universidade de São Paulo), por exemplo, todas as áreas do conhecimento têm nota mínima de 500 pontos, sendo que para a USP São Paulo a área de ciências da natureza apresenta o maior peso (4) e para a USP Bauru o maior peso é na área de redação (3). Já na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), todas as áreas do conhecimento têm o mesmo peso, ou seja, a nota final é dada pela média aritmética das notas obtidas em cada área do conhecimento", explica
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- Tente obter o maior número de acertos e considere a TRI (Teoria de Resposta ao Item). "A TRI é um algoritmo utilizado para o cálculo da nota de cada área do conhecimento do Enem. Essa teoria considera a coerência pedagógica do aluno enquanto faz a prova. A nota final depende do nível de dificuldade das questões que o candidato acerta na prova", diz. Outro ponto é que a maior nota costuma ser na área de matemática para os candidatos que prestam medicina, "É muito difícil ter nota acima de 800 na área de ciências da natureza e suas tecnologias, área que para a maioria das universidades apresenta maior peso. Sendo assim, para ter uma média final acima de 800, os candidatos ao curso de medicina costumam ter notas acima de 900 em redação e próximo de 900 em matemática e suas tecnologias", comenta
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- Treine com provas anteriores: a realização de provas anteriores é uma ferramenta fundamental para o vestibulando, independentemente do curso e da universidade desejada, avalia o professor. "Para o vestibulando de medicina, recomendamos que faça um apanhado dos assuntos cobrados em cada área do conhecimento dos exames dos últimos quatro anos. Além disso, recomendamos a realização de redações aplicadas em edições passadas", sugere. Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder