Educação Fuvest: confira as obras literárias obrigatórias para vestibular da USP

Fuvest: confira as obras literárias obrigatórias para vestibular da USP

Escritores brasileiros fazem parte da lista, com nove livros; veja as dicas dadas por professores de português e literatura

  • Educação | Alex Gonçalves, do R7*

Resumindo a Notícia

  • Obras literárias são exigidas para o vestibular 2023 da Fuvest nas duas fases
  • Ao todo, nove livros compõem a lista de leitura para o processo seletivo da USP
  • Entre escritores há clássicos, como Machado de Assis, e atuais, como Mia Couto
  • A primeira fase acontece em 4 de dezembro e a segunda fase, nos dias 8 e 9 de janeiro do ano que vem
Vestibular da Fuvest para a entrada na USP exige a leitura de nove obras literárias

Vestibular da Fuvest para a entrada na USP exige a leitura de nove obras literárias

Reprodução/ Unsplash

Os estudantes que vão concorrer a uma vaga nos cursos da USP (Universidade de São Paulo) para 2023 precisam estar em dia com a leitura das obras obrigatórias, que serão abordadas na prova da Fuvest.

O vestibular para a entrada na universidade, que acontece no dia 4 de dezembro (primeira fase) e 8 e 9 de janeiro de 2023 (segunda fase), exige ao todo a leitura de nove livros que são representativos dos diferentes períodos das literaturas brasileira e portuguesa. O conteúdo faz parte das provas de português das duas fases.

Para o processo seletivo de 2023, será mantida a lista de 2022:

- Poemas Escolhidos, de Gregório de Matos;
- Quincas Borba, de Machado de Assis;
- Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade;
- Angústia, de Graciliano Ramos;
- Mensagem, de Fernando Pessoa;
- Terra Sonâmbula, de Mia Couto;
- Campo Geral, de Guimarães Rosa;
- Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles;
- Nove Noites, de Bernardo Carvalho.

Rosane Cesari, coordenadora de língua portuguesa do Colégio Rio Branco de São Paulo, analisa a relevância dos livros cobrados, que inclui autores como Machado de Assis e Mia Couto.

Segundo Cesari, a pró-reitoria de graduação não informa o critério utilizado para a seleção, mas os professores acreditam que as obras são escolhidas com base na tradição literária do país e da língua portuguesa.

"Por um lado, houve enfoque na literatura considerada clássica, nos últimos anos. Por outro, a lista de obras viu a incorporação de autores mais recentes", o que surpreendeu Cesari. A educadora cita Bernardo Carvalho, autor contemporâneo presente nos selecionados deste ano com seu romance Nove Noites.

Marcelo Maluf, professor de literatura e língua portuguesa na Oficina do Estudante de Campinas (SP), complementa que a obra Nove Noites pode ser cobrada tanto na primeira fase quanto na segunda fase, com questões mais complexas e aprofundadas.

"Dado que o livro tem uma estrutura diferente do habitual — não é linear, há dois narradores, o enredo é complexo etc., é comum que os candidatos tenham maior dificuldade na elaboração de ideias acerca desse texto", diz.

Já em Terra Sonâmbula, de Mia Couto, publicado em 1992, Maluf explica que a obra entrou na lista no ano passado e também tem chances de aparecer nas duas fases do vestibular.

"Por possuir, como Nove Noites, estrutura e enredo complexos, com também dois narradores, e, além disso, um pano de fundo que diz respeito ao fim da guerra civil em Moçambique, o candidato deve estudar essa obra com atenção maior", comenta.

Alencar Schueroff, professor de literatura, destaca Quincas Borba, de Machado de Assis, e Angústia, de Graciliano Ramos, representantes, respectivamente, do realismo e do romance de 1930 (a prosada segunda fase do modernismo).

"É interessante dizer que Graciliano Ramos foi um grande leitor e admirador de Machado. Talvez tenha herdado do 'bruxo do Cosme Velho' [Machado ficou conhecido no meio literário dessa forma] um interesse em mergulhar fundo na alma humana, pondo o psicológico em primeiro plano nas narrativas. Isso sem excluir, claro, questões sociais e críticas diversas", explica.

Segundo Schueroff, essa mescla do interior e do exterior é o que se vê no romance machadiano, publicado em 1892. A história gira em torno de Rubião, um professor de Barbacena (MG), que, após servir de enfermeiro para o rico intelectual Quincas Borba, em seus últimos tempos de vida, torna-se herdeiro do paciente.

Outra obra avaliada por Schueroff é Angústia (1936), um livro de forte tendência psicológica. Luís da Silva, narrador-personagem, rememora passagens (doloridas) de sua vida de funcionário público na cidade de Maceió (AL), com um salário baixo. 

Dicas de estudo literário:
- Faça a leitura completa das obras; 
- Faça anotações acerca das impressões nas obras;
- Procure recursos como material de apoio (videoaulas, artigos e análises na internet).

* Estagiário do R7 sob supervisão de Carla Canteras

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