Ideb 2019: Ensino médio não atinge nível de qualidade
Apesar da melhora nos índices, a meta estabelecida em português e matemática não foi atingida por estudantes avaliados em todo Brasil
Educação|Karla Dunder, do R7
O MEC (Ministério da Educação) divulgou os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) 2019 e do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) 2019, nesta terça-feira (15).
Entre os principais pontos está a qualidade do ensino. No caso do ensino médio, estudantes não alcançaram nível esperado.
Entre 2005 e 2017, o Ideb do ensino médio brasileiro cresceu 0,4 pontos, subindo de 3,4 para 3,8 pontos. Já em 2019, o indicador alcançou 4,2 pontos, a maior evolução da edição, após quatro anos de estabilidade.
Esse aumento no indicador do ensino médio aconteceu em função da melhora nas taxas de aprovação e nos resultados da avaliação desta etapa de ensino no Saeb. A etapa conta com 28,8 mil escolas pelo país e a maioria das 7,5 milhões de matrículas se encontra na rede estadual. Apesar do resultado positivo, a meta de 5 pontos prevista para o ano não foi atingida.
Houve uma variação de 1,4 ponto entre os piores e os melhores resultados. Os destaques foram Goiás, único estado a atingir a meta individual, e Espírito Santo. Os dois empataram com as melhores médias do país na etapa: 4,8 pontos. Já Pará e Amapá tiveram os resultados mais baixos, com 3,4 pontos.
Ensino Fundamental
No Ensino fundamental, o Ideb 2019 foi de 5,9 pontos, o que representa um aumento de 0,1 ponto em relação à edição anterior e supera a meta prevista de 5,7 pontos. Essa etapa de ensino conta com 15 milhões de alunos e 109 mil escolas.
A rede municipal tem uma participação de 67,6% no total de matrículas dos anos iniciais e concentra 83,7% dos alunos da rede pública. Além disso, 19,2% dos alunos dessa etapa frequentam escolas privadas.
De acordo com os dados do Inep, nove estados alcançaram Ideb maior ou igual a 6 nos anos iniciais do ensino fundamental. São Paulo teve o melhor desempenho, com 6,7 pontos, seguido por Distrito Federal, Santa Catarina, Paraná e Minas Gerais, com 6,5 pontos; Ceará, com 6,4 pontos; Goiás, com 6,2 pontos; Espírito Santo, com 6,1 pontos; e Rio Grande do Sul, com 6 pontos. Já o Pará teve o resultado mais baixo, com 4,9 pontos, mas superou sua meta de 4,7 pontos.
Como em edições anteriores, os últimos ano do ensino fundamental não um desempenho inferior. Nos anos finais do ensino fundamental, o aumento foi de 0,2 pontos, com resultado final de 4,9 pontos e ficou abaixo da meta de 5,2 pontos em 2019.
Essa etapa de ensino possui 61,8 mil escolas e 11,9 milhões de estudantes no Brasil. O estado de São Paulo teve o melhor desempenho, com 5,5 pontos, mas não conseguiu atingir a meta individual de 5,9 pontos.
Sete estados conseguiram cumprir seus objetivos: Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Piauí, Ceará, Paraná e Goiás. Os resultados mais baixos foram do Amapá, com 4 pontos, e do Pará, do Rio Grande do Norte, de Sergipe e da Bahia, com 4,1 pontos.
O Ceará foi destaque no percentual de municípios que atingiram a meta do Ideb do ensino fundamental por unidade da Federação: 98,9% nos anos iniciais e 83,7% nos anos finais. Alagoas também teve um bom resultado nos anos iniciais, com alcance de 92,2% dos municípios do estado em relação à meta do índice. Já o Amapá teve apenas 18,8% nos anos iniciais e o Rio de Janeiro, 4,3% nos anos finais.
Desigualdade
Como em edições anteriores, o Ideb evidencia as desigualdades sociais do país. Ao fazer um recorte por município, 39,4% das cidades do Norte e 21,1% das do Nordeste têm Ideb menor que 3,1 nas escolas estaduais. No Sudeste, apenas 2% dos municípios apresentam esse índice baixo.
Quando a comparação ocorre entre a rede pública e privada os dados também são preocupantes. Na particular, que concentra 12,2% das matrículas de ensino médio do país, o Ideb foi de 6. Na rede estadual, a índice foi de 3,9.
Apresentação
Na apresentação, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, anunciou durante a coletiva de imprensa, que no mês de outubro será realizada uma discussão sobre salário e valorização dos professores.
Alexandre Lopes, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) anunciou que o ciclo do Ideb está chegando ao fim. "Estamos reformulando o Saeb, avaliações serão em todos os anos da educação básica e serão anuais, não a cada dois anos, e de forma censitária mesmo em escolas privadas e não ficará restrito a matemática e português."
Neste ciclo atual do Ideb, o Inep avalia o desempenho dos alunos do últimos anos (5º, 9º do ensino fundamental e 3º ano do médio) a cada dois ano. São dois resutados: o rendimento em português e matemática e aprovação. As notas vão de zero a dez.
Em 2021, o Inep fará a aplicação tradicional e começa o novo Saeb, além da implantação do Enem Seriado (Exame Nacional do Ensino Médio) que permite que estudantes do ensino médio realizem as provas e utilizem as notas para o ingresso em uma instituição de ensino superior.
Para o professor Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime (União Nacional do Dirigentes Municipais de Educação) destacou a importância das ações de manutenção dos alunos nas escolas e também de busca ativa implantado em muitas redes de ensino.
O índice foi criado em 2007 e é um indicador do desempenho dos estudantes na educação básica de todo o país. Com o resultado, os gestores podem identificar e intensificar esforços nas áreas de menor desempenho. Já o Saeb é o sistema utilizado para que as redes estaduais e municipais possam avaliar a qualidade do ensino oferecido.