Educação Ministro da Educação defende educação domiciliar em audiência

Ministro da Educação defende educação domiciliar em audiência

Milton Ribeiro trata o tema como prioridade para "colocar na legalidade" famílias que já optam pelo homeschooling

Agência Estado
"Existem outras formas de socializar", avalia Ribeiro

"Existem outras formas de socializar", avalia Ribeiro

Marcelo Camargo/Agência Brasil - 08.12.2020

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, saiu em defesa da educação domiciliar, conhecida pelo termo homeschooling, em audiência que participou nesta segunda-feira (5), na Câmara dos Deputados. Ele destacou que o governo prioriza o tema para "colocar na legalidade mais de 35 mil famílias" que já optam pelo modelo.

A audiência na Câmara é parte de um ciclo de debates promovido pela relatora de projetos de lei sobre o tema, deputada Luisa Canziani (PTB-PR). Há ao menos oito projetos que tramitam sobre homeschooling, parte para permitir e parte para proibir a prática. O homeschooling prevê a participação dos pais no ensino dos filhos ou a contratação de professores particulares.

"Hoje, na verdade, 85% dos países da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] já aderiram ao homeschooling. São cerca de 65 países. E os projetos não obrigam ninguém a aderir", disse Milton Ribeiro. "É claro que a escola oferece essa questão [socialização], mas existem outras formas de socializar, na família, nos clubes, nas bibliotecas e até mesmo nas igrejas", acrescentou.

A posição de Ribeiro ganhou apoio da ministra Damares Alves, que também participou da audiência. O deputado Lincoln Portela (PL-MG) criticou o que chamou de perseguição a famílias adeptas do ensino domiciliar.

Debates sobre o homeschooling devem seguir no Congresso

Debates sobre o homeschooling devem seguir no Congresso

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A adoção do homeschooling é alvo de críticas de especialistas em educação. A presidente do CNE (Conselho Nacional de Educação), Maria Helena Guimarães de Castro, participou da audiência, apontando que o modelo domiciliar comprometeria a socialização do estudante, além de impedir o contato com diferentes ideias e pensamentos, desconsiderando ainda a importância da formação pedagógica e técnica dos professores.

"Na minha visão, a regulamentação do ensino domiciliar compromete a convivência com diferentes grupos sociais, parte essencial do processo educativo e de humanização, pelos quais se estabelece relações de empatia, de solidariedade e de cidadania, essenciais para o desenvolvimento social, afetivo, psíquico e cognitivo de crianças e jovens", disse Maria Helena.

A relatora dos projetos, Luisa Canziani, apresentará um relatório final ao plenário, mas ainda não há data para isso ocorrer. Os debates devem seguir ocorrendo sobre o tema.

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